Com grande potencial de uso dentro do segmento de saúde, os wearables foram recebidos com pouca resistência ou ressalvas por médicos, pacientes ou profissionais de TI. Com o passar do tempo, a tecnologia, considerada por muitos promissora ganhou espaço e desenas de aplicações desenvolvidas por stratups e instituições de saúde para a coleta e compartilhamento de informações do paciente. O objetivo, é claro, não é criar um “Big Brother”da saúde, mas sim monitorar grupos de pacientes e melhorar as práticas de prevenção.
Com a expectativa de vida crescendo em todo o mundo, os custos com assistência vêm aumentando consideravelmente e tornando-se um problema latente aos sistemas de saúde. A preocupação global com o envelhecimento e a melhoria na qualidade de vida alavancaram o desenvolvimento dessa tecnologia e, automaticamente o mercado de wearables.
De acordo com um levantamento realizado pela MEF, instituição internacional que avalia o ecossistema do mercado de tecnologias mobile, o mercado global de aplicativos de saúde e fitness movimentou, em 2015, cerca de US$ 4 bilhões e a expectativa é atingir os US$ 26 bilhões até 2017.
Para o Gartner, devem ser vendidos 274,6 milhões de wearables devices apenas em 2016, o que representa um aumento de 18,4% sobre os 232 milhões de 2015. As receitas devem atingir US$ 28,7 bilhões.
Como se as cifras apresentadas pelo mercado não bastassem, gigantes da tecnologia, como a Apple, também estão de olho nos wearables voltados à saúde. No fim de agosto, a multinacional fundada pro Steve Jobs, anunciou a aquisição da startup Gliimpse, que fará companhia para outras organizações da mesma área – HealthKit , CareKit e ResearchKit – também adquiridas.
O objetivo da Apple com as aquisições é reunir o máximo de soluções possíveis para avançar na oferta de ferramentas que serão embarcadas em seus wearables devices, considerados uma das maiores tendências de consumo para os próximos anos.
Para analistas de mercado, esse é o caminho mais seguro para a evolução desse tipo de dispositivo, principalmente para os smartwatchs e pulseiras inteligentes.
A Gliimpse é uma startup que atua com big data e analytics. As ferramentas desenvolvidas por ela coletam e armazenam dados de saúde dos usuários, como registros médicos, para organizá-los em um pacote personalizado, seguro e compartilhável, disponibilizando essas informações catalogadas de uma forma inteligente e permitindo que o paciente possa enviá-las para médicos, enfermeiros, pesquisadores e outros profissionais de saúde.
Além da indústria e pacientes, hospitais do mundo todo também estão de olho nessa tecnologia. Em Londres, o King’s College Hospital, vem utilizando o Apple Watch desde 2015 para o para gestão de medicamentos e adesão ao tratamento de pacientes em período de quimioterapia.
O aplicativo utilizado, desenvolvido pela Medopad – empresa britânica de saúde que cria aplicativos para a prática clínica – combina lembretes diários sobre a medicação prescrita com o monitoramento e compartilhamento de dados, envolvendo diretamente o cuidador ou paciente. As informações coletadas pelo dispositivo são enviadas diretamente ao médico responsável, que pode acompanhar em tempo real os dados fornecidos e até mesmo alterar a dosagem da medicação em casos de reação.
Atualmente, o King’s College oferece um baixo número de dispositivos aos pacientes devido ao alto custo do smartwatch da Apple, mas pretende ultrapassar a barreira das cem unidades e ampliar o monitoramento e gestão dos pacientes em breve.
O National Health Service (NHS), sistema de saúde britânico, e a Medopad pretendem disponibilizar o aplicativo para hospitais na Inglaterra e na China. A startup já levantou cerca de US$2,8 milhões desde sua fundação, em 2011, para o desenvolvimento de aplicativos para dispositivos móveis. Entre seus investidores estão Bayer, Intel e Vodafone.
Casos como o do King’s College Hospital vem se multiplicando em outros países, como nos Estados Unidos, onde o Ochsner Hospital, em Nova Orleans, criou um programa monitorar a hipertensão dos seus pacientes por meio do relógio da Apple, seguindo os mesmos padrões do aplicativo usado pelo hospital britânico, onde os dados são coletados, e transmitidos, gerando indicadores que permitem aos profissionais de saúde acompanhar a evolução da saúde do paciente.
Na Costa Oeste do País, médicos do Hospital da Universidade de Stanford, em Palo Alto na Califórnia estão trabalhando, em parceria com a “multinacional da maçã” para monitorar os níveis de açúcar em crianças com diabetes.
A DexCom – indústria de equipamentos que monitoram o nível açúcar no sangue – está conversando com a Apple, Stanford e o FDA (Food and Drug Administration) para integrar seu dispositivo com o HealthKit, adquirido pela Apple. O dispositivo fabricado pela DexCom monitora os níveis de glicose por meio de um micro sensor inserido sob a pele do abdômen. As informações coletadas são transmitidas a cada cinco minutos para um receptor portátil, que encaminha os dados para um aplicativo instalado em um dispositivo móvel. A intenção é que esses dados sejam agora enviados ao smartwatch.
Leia essa e outra matéria publicadas na Revista Health-IT no link.