O painel médico-hospitalar “Telessaúde: onde estão as oportunidades para a indústria”, realizado na tarde desta quinta-feira, 18 de agosto, durante o 5º CIMES – Congresso de Inovação em Materiais e Equipamentos para a Saúde, abordou as vantagens da inserção da telemedicina no atual sistema médico hospitalar do país. Moderado por Paulo Pialarissi, médico otorrinolaringologista e pesquisador do programa de medicina e tecnologia e intervenção em cardiologia do Instituto Dante Pazanese de Cardiologia, o debate contou com a apresentação de três grandes nomes do segmento: Julius Ladeira, da ITMS; Aldenor Falcão Martins, da SigNove e Elton Chaves, do Conasems.
Abrindo o debate, Pialarissi destacou o corpo humano como a máquina mais perfeita que existe, devendo servir como base para o desenvolvimento de toda e qualquer forma de tecnologia. Além disso, comentou sobre a importância de oferecer uma vivência de melhor qualidade a uma população que avança em expectativa de vida.
“Temos um cenário da medicina no mundo que leva a uma melhor qualidade de vida das pessoas. Hoje a expectativa de vida dos homens, no Brasil, já bate os 76 anos enquanto em países mais avançados ultrapassa os 80 anos de idade. Agora, pensar em uma sobrevida de 120 anos não é mais inimaginável. Tudo isso se dá por uma questão de higiene, melhores condições ambientais, prática de esportes, cuidados com a alimentação e diagnóstico precoce de doenças”, relata.
Para Julius Ladeira, da ITMS, a telemedicina vinha sendo encarada de uma forma equivocada até pouco tempo atrás. “Durante muito tempo as pessoas enxergavam a telemedicina como uma videoconferência entre médicos. Mas, ao meu ver, isso não é diferente de utilizar o telefone. É apenas uma mudança do meio de comunicação através do qual a conversa seguia sendo realizada da mesma forma”, declara.
Hoje atuando em mais de 5 mil municípios na América Latina, com um banco de dados que soma cerca de 5 milhões de exames laudados por médicos especialistas, a ITMS trabalha a telemedicina como uma forma de controlar e diagnosticar a saúde ou estado de um paciente não importa onde ele esteja localizado. “Não temos que levar o paciente a um centro de alta complexidade. Temos que levar o centro de alta complexidade ao paciente”, afirma Ladeira.
A plataforma oferecida reúne as principais informações do paciente e ainda oferece, às secretarias municipais, dados precisos sobre a população, podendo, com isso, incentivar campanhas de prevenção e até mesmo modificar a forma como a saúde é gerida na região. Por meio desse sistema, o exame é recebido, visualizado pelo médico que faz o laudo, o diagnóstico e repassa as informações. As clínicas e hospitais podem fazer um controle de gestão operativa desses exames, supervisioná-los e ainda emitir relatórios estatísticos.
Como principais benefícios temos: redução de custos do sistema, melhorias na qualidade do atendimento, mais precisão (visto que não há um operador digitando os dados), maior cobertura geográfica, menos gastos com transporte e redução dos problemas causados pela falta de especialistas no campo.
Seguindo a mesma linha tecnológica, Aldenor Falcão Martins, da SigNove, apresentou soluções especializadas em retirar informações de medidores, sensores e gadgets para jogá-las na nuvem, disponibilizando acesso imediato aos profissionais da saúde. “Coletamos a informação vinda de oxímetros, medidores de pressão e routers, por exemplo, e sincronizamos na nuvem investindo em segurança. Essas informações serão analisadas pelo médico ou por seu assistente que retorna com um feedback ao paciente”, explica.
Melhorias para um país continental
Uma das questões mais debatidas está diretamente relacionada às dificuldades de acesso à saúde no Brasil, como comenta Pialarissi: “temos dois cenários sendo o primeiro uma população com acesso à saúde de qualidade, com direito a convênios melhores, hospitais mais preparados e que podem fazer todos os exames e, por outro lado, uma população majoritária que não tem acesso a quase nada, onde um simples ultrassom pode levar seis meses”.
Considerando o Brasil como um país continental, encontramos cerca de 80% dos municípios com populações pequenas e que sofrem com a falta de orçamentos para saúde. Assim, encontram-se obrigados a deslocar pacientes para as cidades vizinhas e para os grandes centros, ampliando as filas e piorando o atendimento destes locais.
Dando continuidade a este breve panorama sobre o sistema público de saúde no Brasil em diferentes regiões, Elton Chaves mostrou de que forma o Conasems – Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde enxerga as vantagens da aplicação da telessaúde. “Temos, como desafios até 2020, incorporar tecnologia, inovar e modernizar o sistema prioritariamente na atenção básica, ampliar o acesso e melhorar a qualidade de vida da população”, comenta sobre um processo contínuo que exige, acima de tudo, organização e cuidado.
Voltando à questão imposta pela extensão territorial e diversidade do nosso país, é fundamental considerar que as regiões têm diferentes necessidades que devem, sempre, ser levadas em consideração na busca por essas melhorias. “Não podemos estabelecer um parâmetro nacional e achar que ele vai se encaixar. Os modelos são diferenciados, no Amazonas temos uma experiência que é diferente da que temos no Rio Grande do Sul ou em Santa Catarina. No norte do país, por exemplo, temos rios funcionando como ruas, o que onera bastante o sistema. Graças a telemedicina, esses valores são reduzidos gerando uma economia e uma possibilidade de reinvestimento”, finaliza Chaves.
Considerando as características individuais do país somadas às vantagens e benefícios da aplicação da telessaúde apresentadas ao longo desta tarde, o investimento em inovação neste setor tende a ser proveitoso para todos os envolvidos: indústria, sistema público, classe médica e pacientes e merece atenção de todos os players envolvidos.
Fonte: ABIMO/Dehlicom