Há poucos dias, declarações de uma pesquisadora de Harvard sobre o consumo do óleo de coco fomentaram uma série de debates na internet, tornando o assunto um dos mais comentados depois de anos. O motivo da polêmica é que em seu discurso, em uma palestra na Universidade de Freiburg, na Alemanha, Karin Michels fez duras críticas a substância qualificando-a até mesmo de ‘veneno’.
Para a nutricionista da clínica Fisio&Forma, Erika Souza, apesar de a pesquisadora ter exagerado no título atribuído ao óleo de coco, a professora está certa quanto aos riscos que o mesmo pode oferecer a saúde. Segundo a brasileira, na verdade o perigo está no modo como o produto é utilizado, ou seja, quando consumido regularmente e sem orientação profissional.
De acordo com a especialista, a grande questão está no alto nível de ácidos graxos saturados (AGS) encontrados no óleo de coco, que correspondem a quase toda a composição do produto. “Tais ácidos são considerados prejudiciais porque aumentam os níveis séricos de colesterol no sangue, o que pode favorecer o aparecimento de doenças cardiovasculares”, explica.
Entidades como a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO) são oficialmente contra o uso do produto para uso regular como óleo de cozinha e para fins terapêuticos com a finalidade de emagrecimento.
“Não é recomendado como óleo de cozinha devido ao seu alto potencial inflamatório pela presença das gorduras saturadas. Nesse caso, é preferível o uso moderado de óleos vegetais com maior teor de gorduras insaturadas como azeite, óleo de canola, de soja, milho, entre outros”, aconselha.
Já sobre a prescrição do produto para a finalidade de emagrecimento, a nutricionista também se coloca contra tal procedimento pela ausência de evidências científicas que comprovem a eficácia do óleo de coco para este fim.
No entanto, Erika defende que mais estudos sobre esse óleo vegetal precisam ser incentivados, visto que existem poucos atualmente. “O impasse sobre a utilização dos ‘superalimentos’ sempre vai existir ao passo que novos estudos se fazem necessários para a comprovação de suas reais características e efeitos no organismo”, complementa.
Para Erika, tais alimentos até podem ser consumidos desde que de forma moderada, sob orientação profissional de um nutricionista e associados a uma alimentação equilibrada. “Não é apenas com o óleo de coco.O consumo indiscriminado de qualquer alimento pode ocasionar malefícios à saúde. Os vilões da vez permanecem sendo os ovos, glúten e a lactose, porém, dependendo do foco e do biótipo de cada paciente, podem e devem ser parte de uma alimentação equilibrada”, encerra.