Todos nós temos habilidades impressionantes e coisas em que somos os verdadeiros desastres. Sempre temos algo que para nós é muito fácil, enquanto que para os outros a mesma tarefa seria um grande obstáculo e, claro, vice-versa também. Este fenômeno é conhecido por como zona de conforto.
Dentro desta zona está tudo que nos torna o máximo, mas o grande desafio de todos, acredite, até do Donald Trump, é expandir a zona de conforto.
É uma árdua batalha intrapessoal, entre nós e nós mesmos!
Lembro de que quando comecei a estudar meio ambiente, era tudo tão novo, tão inusitado, que os professores ministravam com esmero suas aulas e eu nem conseguia formular uma única pergunta. Sentia um extraterreste tentando aprender o que era esse Aquecimento Global e porque este tal de carbono era um dos principais vilões.
Lembro que tive a honra de ter aula com o professor Luiz Gylvan Meira Filho, que foi um dos representantes do Brasil na negociação do Protocolo de Kyoto.
Este senhor, entre muitos outros créditos, é Doutor em Astrogeofísica pela Universidade do Colorado, bem leitor para você sentir melhor o que é estar fora da zona de conforto, “dê um google” no nome dele . Simplesmente uma sumidade.
Muitas coisas que ele disse eu comecei a entender muitos anos depois. O professor Gylvan fizeram parte dos profissionais que me ampliaram a zona de conforto sobre o que era o aquecimento global.
Passado anos de leituras, palestras, duas pós-graduações a respeito e muita meditação, posso dizer que hoje este assunto faz parte da minha zona de conforto.
Hoje entendo a gravidade do problema e me junto a outros profissionais que se dedicam a ampliar a zona de conforto dos gestores no quesito aquecimento global, gestão de carbono e a urgência da transição para uma economia de baixo carbono.
Os gestores hospitalares, por vezes, não identificam onde sua instituição contribui para o aquecimento e quais consequências advêm desta atitude, mas é preciso reforçar que a área de saúde já é uma das mais afetadas.
Primeiro porque o aumento de temperatura favorece o crescimento desordenado de vetores de doenças, inclusive algumas já erradicadas. Outra consequência é a desregulação do regime de chuvas que irá provocar catástrofes por enchentes em algumas regiões e por seca extrema em outras. Estes fatos irão propiciar o aumento de pacientes e de tratamentos ao sistema de saúde.
Uma importante ferramenta para uso dos gestores é o inventário de gases de efeito estufa. Através disso podemos quantificar as emissões dos gases que contribuem para este fenômeno ambiental.
Estes gases são:
- Dióxido de Carbono
- Metano
- Óxido Nitroso
- Hexafluoreto de enxofre
- Hidrofluorcarbonos
- Perfurocarbonos
Para simplificar, estes gases estão todos ligados à produção, então podemos dizer que reduzi-los é reduzir despesas, aplicando-se aqui o conceito da racionalidade.
Um grande benefício de utilizar esta ferramenta é que o gestor passa a controlar despesas que usualmente não se controla, porque estes itens não estão inseridos na zona de conforto gerencial dos itens usualmente controlados.
Expandir a zona de conforto é sofrido, principalmente pelo cenário político-econômico-social que vivemos, mas vale a pena investir um pouco de tempo para aprender sobre estas novas métricas e obter resultados financeiros, sociais e ambientais.
Nós e as gerações futuras agradeceremos muito.
*Artigo publicado na 46ª HealthCare Management. Clique e confira edição completa.