Ao ter contato com o termo ‘Sistema de Informação’, entendemos que trata-se do conjunto de dados e informações organizados de forma integrada com o objetivo de atender à demanda e antecipar as necessidades dos usuários. No ambiente da saúde, é possível reconhecer que o processo decisório nem sempre é estruturado, lógico e dirigido para uma única solução. No entanto, a informação é um recurso primordial para a tomada de decisão.
Já para os modelos dos ‘Sistemas de Informação em Saúde’ (SIS) é possível promover, de forma geral, grandes mudanças relacionadas ao processo decisório, contribuindo com dados que serão analisados e modificados para utilização na tomada de decisão, configurando-se como importante instrumento de suporte.
Alguns autores, como Escrivão Júnior, referenciaram que um dos obstáculos para a utilização de indicadores no processo decisório é a falta de confiança dos gestores na fidedignidade dos dados. Ao fazer um paradoxo, é como afirmar que a principal forma de aprimorar as bases de dados é a disseminação e a utilização da informação. Observamos que o sujeito, enquanto criador da modernidade, está fragmentado entre as diversas bases de dados em saúde existentes. Seus fragmentos, características parciais e estáticas de sua vida, povoam diversos sistemas desconexos. O indivíduo perde sua identidade integral como sujeito pleno: perde sua historicidade. O tempo, na grande maioria dos sistemas de informação em saúde, é congelado em uma sequência de fotografias descontínuas, que perdem a dinâmica temporal e espacial como dimensão essencial do caminhar da vida, por conseguinte, nos processos de saúde, doença e cuidado.
Será que ainda temos muito a percorrer? Estamos na era da responsabilização pelas próprias escolhas e, como consequência direta, há a aproximação ao consentimento informado. Cada vez mais os pacientes assumem responsabilidades relacionadas com a sua saúde, em vez de delegá-las aos clínicos. “A posição do paciente está a mudar para uma posição de cliente, com evidente aumento do grau de direitos e escolhas pessoais, cuidados de excelência e o direito à autodeterminação”, afirma Moraes e Gómez (2007)1.
O processo da conduta clínica, a ser partilhado entre os profissionais de saúde, os doentes e, provavelmente, com a família, oferecendo dados importantes e com linguagem acessível, deveria ser premissa para uma tomada de decisão consciente. É notório que, para uma decisão clínica efetiva, a informação é fundamental: ela dá poder de controle e é confortante, pois o cliente sabe o que esperar. O apoio às decisões por meio de sistemas informatizados cada vez mais será aperfeiçoado até o fim do século XXI. E o trabalho do médico será muito mais no sentido de confrontar dados para a tomada de decisão do que simplesmente recordar a teoria e os protocolos. O médico deverá ser um estrategista baseado na teoria e na experiência, apoiado pelos sistemas, levando-se em conta que não há paciente igual ao outro.
A educação é fundamental para que a população esteja apta a compartilhar decisões sobre seu próprio tratamento. Apesar da evolução da informática, a “arte da medicina” está acima do sucesso estatístico e da inteligência inorgânica em suas escolhas – ela está enraizada na relação médico-paciente e nos aspectos humanos envolvidos em uma decisão.
*Artigo escrito por Filipe de Azevedo Fontes, Business Analyst Product Area da Agfa HealthCare no Brasil