Aliar inovação e tecnologia de ponta à área da saúde é uma tendência mundial que se fortalece no Brasil atualmente, disse o professor Alex Lucena, do Laboratório de Engenharia de Software do Centro Técnico Científico da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Ele coordenou na quarta-feira (6) o painel “A TI e a Revolução na Saúde”, no 14º Rio Info, considerado um dos principais eventos do país dedicados à tecnologia da informação (TI).
“Eu costumo dizer que não tem nada mais importante que a saúde, e a tecnologia hoje vem entrando fortemente nesta área, fazendo com que as pessoas vivam mais tempo, com mais qualidade, melhorando a relação com os cuidados que se tem e os diversos atores, como hospitais, laboratórios, clínicas”, disse Lucena. O Laboratório de Engenharia de Software da PUC-RJ iniciou há três anos pesquisas para responder ao desafio da Escola de Medicina da instituição de ser uma escola ligada à tecnologia de ponta, principalmente na área de ‘mobile health’ (saúde móvel).
Alex Lucena citou pesquisa internacional que estima que os investimentos de empresas do ramo da saúde em projetos de inovação tecnológica no Brasil podem atingir R$ 17 bilhões nos próximos dois anos. Esse montante inclui investimentos pesados de multinacionais no país, como a compra do grupo Amil pela United Health, dos Estados Unidos.
Segmentos como robótica, nanotecnologia, câncer, DNA estão recebendo investimentos pesados em todo o mundo para o financiamento de pesquisas, mencionou. O Hospital Israelita Albert Einstein, por exemplo, tem um orçamento de R$ 200 milhões somente para as áreas de Big Data e ‘analytics’. “É muito dinheiro que está sendo investido, inclusive pelos grandes grupos nacionais”.
Lucena assegurou que tudo, hoje, permeia a tecnologia da informação e comunicação (TIC). Ele aposta no crescimento do mercado de ‘e-saúde’ no Brasil. O país já tem, salientou, um dos melhores sistemas de telemedicina do mundo no campo público. No setor da saúde, apontou as cinco áreas tecnológicas de maior evidência no país: telemedicina; ‘Mobile health’ ou ‘m-health’; prontuários eletrônicos; ‘analytics’ (dados); e internet das coisas. Esta última é uma revolução tecnológica que conecta aparelhos eletrônicos do dia a dia à internet e o processamento desses dados consegue mudar para melhor a vida de um indivíduo.
A utilização de ferramentas tecnológicas na área médica, como o celular, vem contribuindo para salvar vidas, indicou o professor. Por meio do aplicativo ‘WhatsApp’, destacou que a população já vem usando a tecnologia para visitas virtuais a médicos. No Brasil, é necessária uma adaptação à legislação, porque consultas à distância ainda não são permitidas. A legislação brasileira exige que um profissional de saúde esteja junto do paciente. Já nos Estados Unidos,”isso é livre”.
Com o uso de tecnologias avançadas, Lucena disse que “não vai ser incomum, nas próximas gerações, pessoas vivendo bem, com mais de 100 anos”. O ‘WhatsApp’, por exemplo, é uma realidade já comprovada. A agilidade no atendimento médico e a possibilidade de tratamento remoto de problemas de saúde são benefícios proporcionados aos usuários da TIC nessa área. A tendência atende à demanda da própria sociedade e do mercado, apontou. “Não vejo como regredir isso, não. Pelo contrário”.