Para agilizar o acesso ao diagnóstico de oftalmologia e reduzir a fila de consultas, a saúde pública do Rio Grande do Sul passa a contar com uma tecnologia inédita. O Teleoftalmo – Olhar Gaúcho foi lançado no Hospital Restinga e Extremo-Sul, em Porto Alegre. A partir da iniciativa, casos em espera serão avaliados remotamente, determinando o que pode ser diagnosticado à distância e o que exige a presença de um especialista. Atualmente, mais de 9 mil pessoas do interior do RS aguardam consulta especializada em oftalmologia. Resultado de uma parceria do Hospital Moinhos de Vento com o Ministério da Saúde, governo do Estado, prefeituras municipais e o TelessaúdeRS-UFRGS, a ação faz parte do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS).
O Ministro da Saúde, Ricardo Barros, destacou que o formato inovador do Teleoftalmo – Olhar Gaúcho é uma tendência que deve servir de exemplo para outros projetos. “Vamos exigir teleconsultoria para todo o atendimento básico. Ninguém irá para atendimento com especialista sem uma consulta prévia”, adiantou. E frisou a importância do PROADI-SUS em iniciativas como essa: “Ele serve para dar qualidade, pegar as melhores práticas e replicar”.
Superintendente do Hospital Moinhos de Vento, Mohamed Parrini falou do orgulho em integrar ações que qualificam o Sistema Único de Saúde (SUS). “O próprio Hospital Restinga e Extremo-Sul nasceu de um projeto e hoje atende a uma população de mais de cem mil habitantes da região, servindo de laboratório para desenvolvimento de técnicas de gestão e operação para o SUS. Realizamos uma série de projetos aqui dentro que são replicados em outras localidades”, pontuou. Segundo ele, o Teleoftalmo – Olhar Gaúcho sintetiza o que o hospital pensa para a saúde: enfrentar diretamente os principais problemas da população, utilizar a tecnologia a favor do usuário e obter soluções em conjunto, com parcerias entre os diferentes níveis da administração pública, iniciativa privada e usuários.
Eficiência e modernização
Serão beneficiados moradores de todo o estado a partir de oito consultórios remotos. Além dos dois consultórios em Porto Alegre (no Hospital Restinga e Extremo-Sul), outros serão instalados em Farroupilha, Passo Fundo, Pelotas, Santa Cruz do Sul, Santa Maria e Santa Rosa – cada uma atendendo preferencialmente os pacientes de sua macrorregião. Para o prefeito da Capital, Nelson Marchezan Jr., o projeto é “um exemplo de como colocar recursos no lugar certo”. “Os hospitais públicos e privados de Porto Alegre entendem a situação difícil pela qual os cidadãos passam, e estão sendo parceiros”, afirmou.
O governador do Estado, José Ivo Sartori, aproveitou a oportunidade para fazer um teste oftalmológico. Ele elogiou a iniciativa, salientando que ela representa um “avanço significativo e concreto”. “O usuário do SUS já sai com a receita e manda fazer os óculos gratuitamente. Tudo encaminhado e resolvido. Isso é eficiência e modernização.” O projeto atenderá crianças a partir de 8 anos e adultos com qualquer dificuldade de visão. Conforme o diagnóstico, alguns pacientes poderão ter seu problema resolvido na própria unidade básica de saúde. Também será possível detectar casos que não podem mais aguardar. Pacientes com doenças como glaucoma e retinopatia diabética, muitas vezes ainda não diagnosticadas, terão prioridade no encaminhamento ao oftalmologista.
Nova era na medicina
Djanira Corrêa da Conceição, Coordenadora do Conselho Municipal de Saúde de Porto Alegre, falou da alegria em ver o projeto ser implementado em Porto Alegre e destacou a importância de se qualificar a atenção básica. “O que nós mais queremos é um SUS de qualidade. No momento em que o atendimento de antes de chegarmos no hospital for de qualidade, teremos o SUS que nós queremos.”
Na avaliação do vice-coordenador geral do TelessaúdeRS-UFRGS, Roberto Nunes Umpierre, esse projeto representa uma “nova era da medicina”. “Para chegarmos aqui, hoje, e entregarmos à sociedade o serviço de oftalmologia mais moderno do mundo, percorremos muitas etapas e vencemos muitos desafios em um trabalho intersetorial, interdisciplinar e interinstitucional”, frisou. “Devido à crise financeira, tivemos o desenvolvimento do projeto cancelado em 2015. O que foi motivo de muita tristeza, naquele momento, nos proporcionou a aproximação com a Associação Hospitalar Moinhos de Vento e sua vasta experiência em projetos de grande porte. Temos certeza de que essa parceria permitiu chegarmos ao dia de hoje.”
Como funciona
O médico do posto de saúde envia sua solicitação via Plataforma de Telessaúde (www.plataformatelessaude.ufrgs.br), e a equipe do TelessaúdeRS-UFRGS efetua o agendamento com o paciente. O exame é realizado remotamente pelos oftalmologistas do projeto, com apoio presencial da equipe de enfermagem.
O cidadão já sai com o resultado da avaliação impresso. O laudo também é enviado pela Plataforma de Telessaúde/MS para o médico solicitante com recomendações de conduta. Diante da necessidade de lentes corretivas, os óculos serão fornecidos sem custo ao paciente, confeccionados por ótica contratada pelo projeto por tomada de preço. Cada consultório terá capacidade de realizar mais de 500 atendimentos por mês.
Para realizar o telediagnóstico, os pacientes poderão passar pelos seguintes exames: teste de acuidade visual, refração, medida da pressão intraocular, avaliação das pálpebras, da motilidade ocular e dos reflexos pupilares e documentação do segmento anterior e do fundo do olho. A avaliação inclui exame síncrono, em que o médico oftalmologista comanda o equipamento médico à distância, ao mesmo tempo em que acompanha tudo o que acontece nas salas por câmera robotizada de alta resolução.
Para instalar os consultórios no Hospital Restinga e Extremo-Sul, o Hospital Moinhos de Vento realizou adequações em duas salas que serão referência para moradores de Porto Alegre e da Região Metropolitana. O serviço fica disponível de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Cada consultório é equipado com três câmeras, computadores e equipamentos de diagnóstico oftalmológico.