Em entrevista exclusiva para o Saúde Online, o Superintendente da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Antonio Mendes Freitas, aborda temas como sustentabilidade, parcerias e acreditação hospitalar
Como a gestão do hospital trabalha para manter o alto padrão de qualidade da instituição?
O modelo de Gestão da Qualidade está fortemente estabelecido a partir da estratégia organizacional e está presente em várias atividades diárias na operação, sendo gerenciado por times multidisciplinares que atuam com foco sistêmico e específico.
– Como o hospital estuda e pratica seu Planejamento Estratégico?
Na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, nós utilizamos a metodologia Balanced Score Card (BSC) no planejamento estratégico. Ao final de um ciclo de cinco anos, fazemos uma análise do resultado obtido em relação ao planejamento proposto. A partir disso, com o uso de informações de mercado, determinamos qual será a nossa próxima visão a ser perseguida. Com base nessa diretriz, são definidos os objetivos estratégicos, os indicadores que irão nos sinalizar a performance das metas estabelecidas e os projetos que são fundamentais para nos levar ao alcance dos objetivos propostos.
Realizamos, mensalmente, reunião com todos os gestores, onde são analisados os resultados obtidos e, caso seja necessário, definimos quais ações devem ser implantadas para garantia dos resultados. Anualmente, é feita a revisão do planejamento estratégico para que possamos identificar algum desvio na rota traçada e corrigi-lo a tempo, garantindo a eficiência do planejamento.
Os pilares que norteiam o nosso planejamento estratégico são os nossos valores institucionais, missão e visão de longo prazo. Estabelecemos algumas diretrizes que, ao nosso entendimento, são os fatores-chave do sucesso do planejamento estratégico: ganho de eficiência, inovação de produtos e serviços, fortalecimento da imagem, relacionamento médico, gestão do conhecimento e sustentabilidade.
3- Acerca da segurança, comente alguns métodos que o hospital pratica para garantir este fator a seus pacientes e funcionários.
A segurança de pacientes, acompanhantes e funcionários é promovida por diversos métodos que incluem processo de educação do paciente e família, buscando o seu engajamento no plano de cuidados, treinamentos periódicos e combinação de diferentes técnicas, como simulação, aulas, workshops, reuniões técnicas, implantação de práticas de segurança (atualmente 40), que traduzem diretrizes nacionais e internacionais, análise prospectiva de segurança, formação de especialistas em qualidade e segurança.
4- Como o hospital trabalha acerca da gestão de riscos?
Existem comissões locais de segurança do paciente que trabalham as circunstâncias de riscos e “near misses”, ou seja, acidentes que quase aconteceram, visando a definição de novas políticas e redesenho de processos, grupos multiprofissionais divididos por temas, que atuam na análise retrospectiva de eventos adversos buscando melhorias e revisões de protocolos e procedimentos e auditorias de risco para realização de testes de efetividade das barreiras de proteção instituídas com objetivo de reduzir perda de controle e mitigar consequências.
5- Quais as diretrizes que adota para obter a sustentabilidade na gestão?
Em linhas gerais, podemos dizer que temos duas grandes diretrizes para garantir a sustentabilidade: aumentar o volume de produção e aumentar as margens. Essas diretrizes se subdividem em projetos e planos de ações para atendê-las.
No que tange à diretriz de aumentar a produção, temos as seguintes ações:
• Desenvolvimento de produtos mais atrativos;
Para isto, criamos um fluxo e uma estrutura especial de desenvolvimento dos PMG´s (Procedimentos Médicos Gerenciados), revisão de pacotes e definição de preços. Este fluxo permite uma maior participação das equipes médicas que passam a contribuir de modo mais eficaz na criação e gerenciamento dos produtos.
• Aprimorar o relacionamento com equipes médicas;
A área de Relacionamento Médico foi reforçada com o objetivo de melhorar o relacionamento com as equipes atuais para aumentar a frequência de uso das nossas estruturas e a captação de novas equipes médicas parceiras.
• Manutenção de um forte ritmo de investimentos em tecnologia médica/hospitalar e de TI, assim como investimentos em reformas, ampliações e capacitação de pessoal;
• Manutenção do foco na qualidade assistencial e segurança do paciente;
• Aprimoramento do relacionamento com as operadoras de Saúde.
No que tange à diretriz de aumentar as margens, os grandes planos em andamento são:
• Aumento do esforço em negociações com fornecedores de insumos e de serviços, buscando uma redução de preços;
• Aumento da eficiência dos processos de faturamento;
• Aprimoramento da elaboração do orçamento e maior cobrança em seu cumprimento, com foco em redução de custos;
• Busca por reajuste de preços junto às operadoras;
• Busca por ganhos de escala, como a implantação de um centro de serviços compartilhados que permite um aumento da estrutura dos setores assistenciais, sem um aumento correspondente nas áreas administrativas. Esta iniciativa visa aumentar nossa eficiência operacional.
– Como a instituição direciona os investimentos para a tecnologia?
Hoje, a TI é vista na organização como um dos alicerces à estratégia do negócio. Por isso, os investimentos são direcionados por meio da elaboração de um plano diretor, de horizonte tri-anual e com revisões anuais, que contém as principais ações de resposta às necessidades de soluções tecnológicas para o melhor desempenho do negócio. Seja na área da saúde, seja em outras indústrias, a TI é peça fundamental no conjunto de recursos que a organização deve ter à sua disposição para enfrentar os desafios de um mercado em que está cada vez mais difícil obter o equilíbrio econômico-financeiro, simultaneamente à entrega de um serviço ou produto de qualidade. Sem os recursos tecnológicos adequados, este equilíbrio não é possível de ser obtido e mantido.
– O hospital realiza alguma parceria com instituições, inclusive fora do Brasil? Quais?
A Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo é participante de programas e campanhas promovidas pelo Institute for Healthcare Improvement (IHI), Canadian Patient Safety Institute (CPSI), International Society for Quality in Health Care (ISQUA), e trabalha iniciativas promovidas pelos modelos internacionais de acreditação Accreditation Canada – QMemtum e Joint Commission International.
– Como o Sr. analisa a importância do constante aperfeiçoamento profissional?
A grande demanda por profissionais de saúde determinou o crescimento das instituições de formação profissional, seja de nível técnico ou de graduação. No entanto, encontramos um déficit entre o conhecimento acadêmico e as necessidade da prática no meio corporativo, exigindo que o hospital tenha que investir em capacitação e atualização constante do conhecimento. Para ter profissionais mais preparados, promovemos monitorias, programas trainees, estágios supervisionados, contamos com Institutos de Ensino e Pesquisa (IEP), Serviço de Educação Continuada (SEC) e Centro de Simulação.
– Como avalia a importância de ter acreditação hospitalar?
A acreditação hospitalar é um processo fundamental na promoção da qualidade e segurança, impulsionando constantemente a melhoria contínua. Serve como instrumento de avaliação do modelo de gestão, que se renova a cada ciclo, acompanhando as tendências na saúde.
– Qual a importância da contribuição dos serviços terceirizados para a instituição?
Os serviços terceirizados são importantes para a Instituição porque assumem atividades que não estão diretamente relacionadas ao negócio da empresa e, por isso, exigiriam um know how muito específico, conquistado ao longo dos anos por especialistas nas áreas, além de experiências em outros serviços de grande porte e de uma rede de relacionamentos já desenvolvida, e um investimento financeiro superior ao da contratação de uma empresa especializada no serviço.