Em sua palestra durante o 1º Fórum Internacional AITE, em Santiago, Chile, Stephen Stefani tratou o tema Os rumos da Medicina e da Gestão em Saúde, propondo aos participantes – dirigentes e gestores de operadoras de saúde – a refletirem sobre a relação entre as operadoras de saúde suplementar e a rede de prestadores de serviços. De acordo com o renomado oncologista, um novo modelo de gestão deve ser elaborado para atender, ao mesmo tempo, a demanda dos pacientes por qualidade e a gestão dos custos crescentes. O evento aconteceu no último dia 31 de outubro, no Hotel The Ritz – Carlton, na capital chilena, promovido pela AITE, empresa do Grupo Benner, especializada em serviços e soluções para gestão de Operadoras de Saúde Suplementar.
“Por que não discutir com a rede de serviços uma nova metodologia de gestão mais aberta e transparente e baseada em um modelo mais simétrico?”, questionou o doutor Stefani. Segundo ele, o cenário da saúde hoje tem grande complexidade. Os pacientes estão muito mais atentos e informados sobre os avanços da medicina e as mudanças comportamentais aumentam a incidência de doenças como o câncer de mama, causado, sobretudo, pela redução do período de amamentação devido ao retorno das mulheres ao trabalho.
Diante deste quadro, deve-se olhar com mais atenção para alternativas como a imunoterapia, que ativa o sistema imunológico do paciente para combater a doença; a medicina personalizada, que permite ao médico pensar em estratégias de tratamento mais eficazes, caso a caso; e a prevalência dos medicamentos orais sobre os métodos cirúrgicos, que acarreta a necessidade de acompanhamento de pacientes com doenças críticas.
Um dos principais desafios a superar é a gestão de custos sem comprometimento da qualidade, considerando inclusive o contexto da lei 12.880 que obriga os planos de saúde e seguros privados de assistência a cobrir os custos de medicação oral para tratamento domiciliar do câncer. De acordo com Stefani, os países latino-americanos investem uma menor parcela do PIB em relação aos países desenvolvidos.
A proposta do doutor Stephen Stefani para transpor o cenário adverso é, em primeiro lugar, seguir sempre os protocolos médicos. E espelhar-se em experiências positivas que ajudem a racionalizar com novas ferramentas de gestão para preservar os recursos da operadora em prol do bem coletivo dos seus clientes. Citou como exemplos os EUA, que adota a recomendação de não solicitar exames inadequados ao diagnóstico, baseados no conceito MCDA (multiple-criteria decision analysis), que estabelece o envolvimento de todos os atores ligados ao processo para a tomada de decisão médica. Outra referência é o conceito que possivelmente será adotado pela Inglaterra, o VBP (value based price), visando aumentar a efetividade dos recursos sem comprometer a qualidade.
O Dr. Stephen Doral Stefani foi fellow em Oncologia na University of Califórnia e pós-graduado em Auditoria Médica pela Universidade Unimed. É Médico Auditor da CAPESAÚDE, criou e coordenou o programa de auditoria em oncologia de todas as gerências da Unimed no Brasil. Também é membro titular da Câmara Técnica de Oncologia da Unimed Brasil e Unimed Mercosul. Autor de 50 publicações, o conferencista é professor de pós-graduação em Auditoria Médica em Oncologia e Farmacoeconomia na Fundação Unimed e preceptor da residência do Instituto do Câncer Mãe de Deus.
O Seminário
O 1º Fórum Internacional AITE reuniu 50 participantes, dirigentes e gestores da linha de frente da saúde suplementar brasileira. De acordo com Marciano Carlos Rossato de Almeida, médico e presidente da AITE, “o evento é um sonho que a AITE realiza no ano em que se consolidou no mercado brasileiro. Tudo foi organizado, desde o tema até a escolha dos renomados palestrantes, assim como as atividades de relacionamento programadas, para que este seleto grupo de dirigentes da saúde suplementar pudesse debater, trocar experiências e inspirar-se cada vez mais em seus trabalhos”.
Severino Benner, presidente do Grupo Benner, destacou que “o objetivo da empresa, que nasceu fazendo software de gestão, é contribuir cada vez mais com o mercado de saúde oferecendo serviços complementares que atendam às demandas das operadoras. O sucesso do evento deu-se principalmente pelo intercâmbio de ideias, sobretudo entre operadoras e autogestões de saúde”.
Também ministraram palestras o doutor Gonzalo Vecina, superintendente do Hospital Sírio Libanês, sobre as “Novas Ferramentas de Gestão como forma de enfrentar a fragmentação da Assistência a Saúde”; e Guilherme Hummel, consultor e especialista em tecnologias da informação e comunicação aplicadas à saúde, que falou sobre o tema “eHealth: Presente e Futuro”.
Entre os participantes estiveram Denise Eloi, presidente da Unidas Autogestão em Saúde; Claudio Tafla, da Mapfre Saúde; Tereza Villas-Bôas Veloso, diretora técnica médica e relacionamento com prestadores da SulAmerica; Liège Oliveira Ayub, diretora-presidente da Sabesprev; Luiz Mendonça, diretor administrativo e financeiro do Instituto de Previdência dos Funcionários Públicos de Guarulhos; Ruy Rocha, diretor de assistência à saúde do Servidor do IRH – Instituto de Recursos Humanos de Pernambuco; Adriana Campos diretora administrativa e de finanças da PASA – Plano de Assistência à Saúde do Aposentado da Vale; Claudia Cristina Cardoso de Lima, diretora de administração e seguridade da Fundação Copel; José Luiz Costa Taborda Rauen, diretor presidente da Fundação SANEPAR; e José Barbosa Porto, superintendente do IMP – Instituto de Previdência do Município de Fortaleza.
O evento contou com patrocínio da Roche, Premium Care e da BRC Soluções em Saúde.