A Neoprospecta, startup que desenvolve tecnologias para diagnóstico e análise microbiológica de alta precisão, está desenvolvendo uma plataforma integrada para controle e rastreamento da higienização das mãos por profissionais de saúde utilizando dispensers inteligentes com sistema de reconhecimento das palmas das mãos. O objetivo é desenvolver uma plataforma de vigilância efetiva para que hospitais e estabelecimentos de saúde tenham maior controle sobre os procedimentos de higienização das mãos e aumentem os índices de adesão a esta prática.
A tecnologia, desenvolvida com recursos do edital Desafio Senai de Inovação 2014, propõe-se a resolver um grave problema de saúde pública. Segundo uma pesquisa realizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2012, apenas 30,7% dos hospitais apresentam uma taxa de adesão a higienização das mãos superior a 70%, que é o índice considerado ideal por especialistas. Ainda a esta agência estima que profissionais da saúde lavam as mãos menos da metade das vezes do que seria necessário
“A Neoprospecta tem uma plataforma de alta precisão para análise epidemiológica, rastreamento e contenção de surtos causados por micro-organismos patogênicos, utilizando tecnologias de ponto em biologia molecular, genômica e bioinformática. Temos trabalhos com diversos hospitais em todo o Brasil e nossos clientes estavam demandando inovações para aumentar o controle sobre a prática de higienização de mãos. Para se ter uma ideia sobre a relevância do tema, a Organização Mundial de Saúde estima que às IRAS (infecções relacionadas a assitência à saùde) estão entre as maiores causas de morte e aumento da morbidade em hospitais, levando a óbito mais pessoas do que acidente de carro, por exemplo. Analisa o responsável pelo projeto, Luiz Fernando Valter de Oliveira, co-fundador da Neoprospecta e CBO (chief business officer) da Neoprospecta.
Nesse cenário, as mãos dos profissionais de saúde são um dos principais vetores das IRAS, sendo um dos mais relevantes veículos de transmissão de agentes patogênicos como bactérias, fungos e vírus. O resultado é a contaminação de pacientes debilitados e, em casos extremos, a ocorrência de surtos epidêmicos causados por bactérias com alta resistência a antibióticos, as chamadas superbactérias.
Além de reduzir a taxa de mortalidade e morbidade causada por infecções hospitalares, o projeto também visa a redução de custos relacionados a essas doenças, que exigem que o paciente permaneça mais tempo internado, ampliando os gastos com antibióticos, equipe e equipamentos, sem contar os prejuízos com bloqueio de leitos. Nos EUA, por exemplo, o gasto adicional associado às infecções hospitalares está contabilizado em aproximadamente US$ 5 bilhões/ano.
O protótipo está sendo construído pelo Senai com o orçamento de R$ 300 mil, baseado nas especificações do projeto apresentado pela Neoprospecta. Ele inclui três elementos fundamentais. O primeiro é a otimização e refinamento de um sistema de algorítimos para reconhecimento da palma das mãos; o segundo é o desenvolvimento e a adaptação de um armazenador de sabonete e álcool gel com câmera; e o terceiro é o desenvolvimento de software para análise dos dados pelos hospitais. A partir desses elementos, será elaborado um projeto piloto para a validação da tecnologia. O projeto começou a ser executado em dezembro de 2014 e tem previsão de conclusão de 20 meses.