A Dra. Waleska Santos, presidente da Hospitalar Feira+Fórum, acompanha o projeto de construção da aliança entre Brasil e Alemanha para criar no Rio Grande do Sul, o “Cluster” de tecnologia da saúde, um programa que reúne os principais agentes públicos e privados para que atuem de forma articulada e cooperativa no desenvolvimento e produção de tecnologias de alto impacto para melhorias na saúde. No mês passado, foi assinado o Termo de Cooperação para o estabelecimento de concentrações geográficas de empresas e instituições que, ao colaborarem entre si, se tornarão mais eficientes. A parceria foi firmada entre o governo gaúcho, universidades, hospitais, empresas, prefeituras, planos de saúde, associações empresariais e setoriais, instituições de apoio, parques tecnológicos e arranjos produtivos locais.
O polo de saúde tem como referência o modelo do Medical Valley, instalado na cidade alemã de Erlangen. O complexo para engenharia aplicada à medicina foi criado em 2008 e reúne mais de 500 empresas, entre companhias de grande porte e startups, além de 16 universidades e 40 instituições de saúde. Com a parceria, o Brasil tem perspectivas prósperas, pois irá participar de uma rede internacional de desenvolvimento tecnológico que tende a complementar e fortalecer a indústria nacional de equipamentos médicos. “Diante deste importantíssimo passo, as novas aplicações da medicina abrem espaço para negócios que ainda estão no campo das ideias. É de suma importância aproveitarmos o momento para expandir o conhecimento e a capacidade de criação no país, acredito veemente na competência e criatividade brasileira para criar um setor mais dinâmico e moderno capaz de modernizar e facilitar a rotina de trabalho nos hospitais e centros médicos”, explicou Waleska.
Para o diretor do Instituto Central de Engenharia Biomédica da Alemanha (ZiMT), Tobias Zobel, que vem compartilhando sua experiência no desenvolvimento de soluções tecnológicas e na chamada indústria do conhecimento para saúde em edições da Feira Hospitalar, o momento é oportuno para firmar parcerias com empresas brasileiras. “Há muitas soluções de alta tecnologia que estão prontas para o mercado, mas temos que realizar ajustes às necessidades locais. Dependemos das parcerias para encontrar as soluções corretas. Isso cria grandes oportunidades para ambos os países, a curto e médio prazo. Em longo prazo, o objetivo é o Brasil ser capaz de atender às suas próprias necessidades mercadológicas. Espero que o governo apoie um mercado mais aberto para o país, permitindo a entrada de novas tecnologias”, ressaltou.
Atualmente o Medical Valley reúne especialistas capacitados em tecnologia e negócios para promover a inovação nos cuidados de saúde, viabilizando a transformação de ideias brilhantes em produtos de sucesso no mercado, “somos responsáveis por 43% dos pedidos de patentes na área de diagnóstico e terapia em toda a Alemanha”, disse Zobel. “A Hospitalar mais uma vez foi o fio condutor que gerou oportunidades de grandes negócios na área da saúde mundial. O contato pessoal de Tobias Zobel com dirigentes de instituições gaúchas das áreas de pesquisa e inovação na área da saúde, foi decisivo para a tomada de posição do governo alemão em decidir pelo Estado do Rio Grande do Sul para implantar o braço brasileiro da internacionalização do Cluster de saúde alemão”, comemora Waleska Santos.
Por que o Rio Grande do Sul?
O estado gaúcho foi o escolhido para implementação do programa, pois concentra importantes universidades públicas e privadas e conta com uma rede de educação superior com competência em pesquisa e formação de recursos humanos: 238 cursos de graduação, qualificando 10 mil formandos por ano e 787 grupos de pesquisa na área da saúde. A diversidade produtiva no Rio Grande do Sul comtempla empresas de setores da economia do conhecimento como automação, biotecnologia, farmacêutica, eletrônica, semicondutores e o Arranjo Produtivo Local (APL), Complexo Industrial da Região Sul. O estado chamou a atenção devido ao surgimento e a consolidação de empresas de base tecnológica que são estimuladas pela existência de habitats de inovação como 12 parques tecnológicos, com destaque para os dois mais reconhecidos da América Latina: Tecnopuc e Tecnosinos.
Em termos de mercado, o Brasil é altamente importador e depende do mercado externo de produtos tecnológicos, o que apresenta uma oportunidade para inserção de empresas, especialmente daquelas ofertantes de alto valor agregado. Diante deste cenário, a criação de uma estratégia de desenvolvimento, como é o caso do Cluster, visa consolidar esse segmento econômico no estado, favorecendo a produção de riqueza e o desenvolvimento local.