A rastreabilidade de medicamentos exerce um papel fundamental na organização de toda a cadeia de suprimentos de um hospital. Para tanto, a tecnologia e a preparação das equipes envolvidas são fundamentais para que os custos estejam alinhados com o que se planeja. Isto é, obter a redução do desperdício e, assim, não ter impacto financeiro decorrente da má utilização dos materiais.
Através de soluções inteligentes, a gestão de logística do Hospital Vila da Serra (MG) vem garantindo bons resultados para a saúde financeira da instituição, como também para a segurança do paciente.
Após o recebimento do medicamento e material hospitalar, o produto passa pelo processo de inspeção, gerando um lote interno vinculado ao lote e validade do fabricante. Assim, para aqueles produtos que não apresentam Datamatrix, gera-se uma etiqueta com código de barras para identificação de todos os itens do estoque (reetiquetação). Todas as operações de transferência, consumo e dispensação são realizadas através da leitura de código de barras, permitindo, portanto, a garantia da rastreabilidade dos itens.
Atualmente, a prescrição médica no Hospital Vila da Serra é eletrônica e o sistema de distribuição é individualizado. Desse modo, o médico prescreve através do prontuário eletrônico do paciente e, após a liberação da prescrição, a mesma é impressa na Farmácia onde ocorre todo o processo de separação dos medicamentos e materiais hospitalares.
Após a separação, os itens são registrados através de códigos de barras em conta e dispensados por horário através de “tiras” seladas identificadas com as informações completas do paciente.
“Com isso reduzimos a perda de remédios por vencimento, aumentamos o controle de medicamentos psicotrópicos e conseguimos suspender os produtos interditados pela ANVISA”, explica Thaís Cristina Faria Moreira Gomes, Coordenadora de Farmácia do hospital.
O controle de rastreabilidade de medicamentos também permite um controle efetivo da movimentação de estoque e maior assertividade do item separado de acordo com o prescrito.
A tecnologia desempenha um papel fundamental diante de todo esse processo. Segundo a coordenadora, o sistema de rastreabilidade D2, Datamatrix, possibilita o aumento da segurança assistencial no processo de administração de medicamentos, pois em vez de reetiquetar internamente o medicamento, adota a etiqueta Datamatrix na inspeção do recebimento, eliminando a possível falha na etiquetação.
“A ferramenta também garante a rastreabilidade desde o fabricante até a administração no paciente. Atualmente, o Hospital Vila da Serra já iniciou o processo de implantação Datamatrix, porém as dificuldades encontradas decorrem, pois nem todos os laboratórios adotaram a tecnologia, assim como muitos códigos são ilegíveis.”
O planejamento da demanda por meio do uso de ferramenta de ressuprimento eletrônico com alinhamento das curvas ABC de custo e XYZ de criticidade é feita de modo a equilibrar o ciclo operacional, girando os estoques com maior rapidez até a garantia do abastecimento contínuo. Tudo isso para manter o equilíbrio do indicador de aquisição de urgência e contribuindo para o financeiro com a cobertura do ciclo de caixa, buscando no mercado fornecedores qualificados e comprometidos com a parceria.
Rastreabilidade em toda a cadeia
Além da rastreabilidade realizada dento do hospital, o outro lado da cadeia também vem trabalhando para oferecer mais segurança. O primeiro passo foi impulsionado com a publicação da RDC 54, pela ANVISA, em dezembro de 2013. O prazo limite é até 2016 para a serialização e rastreamento, o que vem provocando movimentação na cadeia farmacêutica.
Espera-se um grande avanço com essas rastreabilidade, como o rápido recall de produtos, diminuição de falsificação de medicamentos e de roubos de cargas, enfim, uma significativa melhora em toda cadeia logística.
Segundo Marcelo Liebhardt, Diretor de assuntos econômicos da Interfarma – Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa, considera a rastreabilidade um grande avanço, sendo já feita em países com Turquia, Argentina e em outros na Europa e América do Norte. “Há um movimento mundial para dar maior segurança a todos os elos da cadeia e é isso que estamos buscando fazer. A indústria farmacêutica sempre foi favorável a aprimorar estes mecanismos.”
Ainda de acordo com Liebhardt, a RDC 54 ainda requer instruções normativas com maior detalhamento para, assim, complementá-las com características mais específicas.