O conceito de ambiência trazido na Política Nacional de Humanização no âmbito do Ministério da Saúde é definido como espaço físico, social, profissional e de relações interpessoais que deve estar relacionado a um projeto de saúde voltado para a atenção acolhedora, resolutiva e humana. Assim, se compreende que os modos como se compõe essas ambiências produzem determinados efeitos e alterações nos processos de trabalho e nas relações de convivência num determinado lugar. Portanto, o espaço deve ir além dos aspectos físico, funcional e normativo, construindo-se espaços acessíveis e inclusivos, que permita a circulação e autonomia de trabalhadores, usuários e familiares nesses serviços.
Através desta humanização, é importante salientar que todos os espaços de atenção a saúde devem ser acessíveis e inclusivos, atendendo as diretrizes das normas de acessibilidade, da arquitetura inclusiva e das resoluções da Anvisa. Principalmente, pensando que no Brasil, segundo o último Censo do IBGE de 2010, existem 190.755.799 habitantes, destes, 45.623.910 pessoas com algum tipo de deficiência. “Se considerarmos que para cada pessoa com deficiência, há pelo menos um acompanhante ou familiar envolvido, temos quase a metade da população afetada e prejudicada pela falta de acessibilidade, sem contar as pessoas que estão com alguma deficiência temporária” comenta Ana Maria Florio, graduada em Arquitetura e Urbanismo, pós-Graduada em Hotelaria Hospitalar e pós-graduada em Gestão de Qualidade em Saúde pelo IEP/HIAE, em seu artigo sobre o tema.
A acessibilidade é a capacidade de o ambiente construído oferecer segurança, conforto e autonomia, e com isso, focando unicamente no item segurança dentro de um hospital. Ana Maria ainda aborda que é primordial que os gestores hospitalares o tenham como prioridade, evitando assim eventos adversos como quedas e outros inconvenientes, tanto para o paciente como para os colaboradores.
Pensando nessa acessibilidade e humanização, um projeto arquitetônico dentro de ambientes de saúde no País deve considerar, além do atendimento, as normas de acessibilidade, em especial a NBR 9050, que da as diretrizes para uma arquitetura inclusiva no sentido da equiparação de oportunidade. “É preciso criar condições no espaço físico para que todas as pessoas com todos os tipos de deficiências sejam temporárias ou permanentes, progressivas ou regressivas, intermitentes ou contínuas, possam gozar de seus direitos e liberdades fundamentais. Algumas diretrizes contribuem nesse sentido: explorar elementos que favoreçam as percepções sensoriais, especialmente no caso de múltiplas deficiências; boas condições de iluminação; recursos de cores e contrastes; acústica; e legibilidade gráfica”, afirma Mirela Pilon Pessatti, arquiteta e urbanista.
Projeto
Para uma arquitetura inclusiva as medidas de acessibilidade devem fazer parte de todo projeto, criando espaços favoráveis que minimizem as dificuldades e desvantagens das pessoas em relação aos espaços, eliminando barreiras no ambiente construído. “Espaços físicos bem projetados e acessíveis contribuem também para que as equipes de saúde desenvolvam seus processos de trabalho no sentido das boas práticas e da humanização na atenção à saúde. É sempre recomendável e desejável que se inclua o usuário do espaço como um indivíduo ativo e participante efetivamente no processo de projeto”, conclui Mirela.