Pesquisadores da Deakin University apresentaram nessa semana, durante um congresso na Austrália, o HeroSurg, um robô cirúrgico que tem o objetivo de auxiliar médicos em micro cirurgias ou procedimentos de pequena escala. O principal diferencial do HeroSurg é que ele consegue transmitir a sensação de tato aos cirurgiões que estão utilizando o equipamento
O dispositivo é composto por duas partes: os braços cirúrgicos, que são utilizados para realizar os procedimentos no paciente e que ficam ao lado da cama, e o controle, por meio do qual o cirurgião comanda os braços. Essas duas partes, de acordo com os pesquisadores, podem ser separadas e operar remotamente, de maneira que um médico de um hosítal possa realizar a cirurguia em um paciente de outro hospital.
Além disso, os controles também oferecem ao profissional de saúde imagens tridimencionais em alta resolução, por meio das quais ele pode se orientar no procedimento de maneira mais precisa. As imagens também podem ser transmitidas sem fio, de maneira que um médico possa tranquilamente operar um paciente numa situação de difícil acesso (tal como uma zona de guerra ou uma prisão).
Sentindo a diferença
Embora a sensação de tato possa parecer uma vantagem pequena, ela é essencial para cirurgiões e médicos que lidam com operações de nível quase microscópico. De acordo com o professor Suren Krishnan, que participou do desenvolvimento do HeroSurg, “informação tátil permite que o cirurgião diferencie entre tecidos e ‘sinta’ tecidos delicados enfraquecidos por infecção ou inflamação e disseque-os de maneira mais cuidadosa”.
Dar essa sensação aos cirurgiões é possível graças a instrumentos acoplados aos braços robótios do HeroSurg. Esses instrumentos, desenvolvidos pelo pesquisador Mohsen Moradi Dalvand, permitem que eles sintam a quantidade exata de pressão que estão aplicando aos tecidos e transmitir essa pressão as alças de controle do sistema.
“Se o cirurgião está segurando algo com os instrumentos, ou se estão cortando tecido, eles conseguem sentir a quantidade de força que estão aplicando aos tecidos”, disse Dalvand ao Mashable. Com isso, os médicos conseguem “sentir quão duros ou melos os tecidos estão e até que ponto estão normais ou anormais”, completa.
Operando com robôs
Ainda segundo Dalvand, o HeroSurg foi desenvolvido após conversas com diversos cirurgiões que citavam a falta de sensação de tato como um dos principais empecilhos à realização de operações auxiliadas por robôs. Atualmente, ele e sua equipe estão refinando o sistema com base nas impressões de médicos, e no futuro pretendem oferecê-lo para a realização de cirurgias veterinárias, para depois chegar aos hospitais.
Cada vez mais, robôs estão sendo utilizados para auxiliar médicos na realização de procedimentos cirúrgicos. Em 2014, o SUS (Sistema Único de Saúde brasileiro) já contava com um robô para auxiliar em cirurgias de câncer. Mais recentemente, robôs médicos superaram o desempenho de humanos em operações de tecido mole e um robô de cirurgia oftalmológica permitiu a realização de uma cirurgia anteriormente impossível.