Os impactos da pandemia no Terceiro Setor
Instabilidade. Fragilidade. Desafios. Superação. Palavras que fazem parte de nove entre dez conversas de lideranças, empreendedores, dirigentes de entidades não governamentais – Terceiro Setor e que nas últimas semanas ganharam ainda mais dimensão diante do cenário de instabilidade nas relações entre o Estado e o mercado.
Gestores preocupados com a fragilidade dos intermediários e ansiosos com a oferta de investimentos privados seguem buscando alternativas para reagir à atual conjuntura que atinge todos os setores da economia global.
O mais recente relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) “Panorama Econômico Mundial”, aponta que o novo Coronavírus deve custar ao mundo mais de U$ 9 trilhões.
A estimativa é de que a crise econômica provocada pelo Covid-19 corresponda a perdas trilionárias em dois anos. Ainda segundo o documento, no Brasil, a retração econômica de deve atingir 5,3% do PIB este ano. São fatores que vão afetar a curto, médio e longo prazos todos mercados e que já são percebidos em entidades não governamentais, que dependem dos recursos para manter obras e subsidiar projetos.
À frente do Instituto Sabin – hoje referência em inovação social – Fábio Deboni, explica que os desafios diários provocados ao setor foram inúmeros.
“Inevitavelmente, as diversas medidas de enfrentamento ao novo Coronavírus adotadas pelas companhias produziu impactos em larga escala e com as organizações da sociedade civil não foi diferente. Houve suspensão de atividades, migração para trabalho remoto. As fontes de receitas e financiamentos ficaram mais enxutas o que impactou diretamente no repasse de recursos às entidades”, destaca.
Deboni ressalta que embora não haja estudos específicos sobre como as organizações sociais estão enfrentando as consequências diretas e indiretas da crise, é inegável que os impactos negativos são prementes em boa parte delas.
“Há OSCs relatando perda de receita, redução de doações de recursos, além da dificuldade em manter seus atendimentos. Por outro lado, há boas iniciativas de colaboração emergindo de institutos, fundações e empresas, mostrando que há muita gente se mobilizando pra ajudar”.
O momento de receito enfrentado pelo empresariado brasileiro pode ser constatada em números. O Índice de Confiança nos Negócios (ICE), caiu 6,5 pontos em março em relação a fevereiro – é a taxa mais baixa desde setembro de 2017 – e segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, mais de 30% das empresas brasileiras de todos os setores já sentiram os impactos da pandemia em seus negócios.
São fatores que provocam lideranças a se reinventar diante da crise e recuperar confiança.
“Em todo o mundo, pessoas e organizações têm se mobilizado para ajudar comunidades e grupos sociais em maior vulnerabilidade neste contexto de crise. Mesmo num cenário de incerteza, há bons exemplos se espalhando pelo país”, destaca o especialista, que lista alguns exemplos práticos:
http://emergenciacovid19.gife.org.br/