A TI híbrida é uma realidade de hoje, e por mais que sua implementação pareça ser muitas vezes intimidante, há um número cada vez maior de organizações migrando para a nuvem. Na verdade, de acordo com o Índice de tendências em TI da SolarWinds para 2017: Retrato de uma organização de TI híbrida 95% das organizações brasileiras migraram aplicativos críticos para a nuvem no ano passado. Sendo assim, é de interesse de cada profissional de TI saber o que esperar.
Certamente, cada empresa tem uma expectativa diferente do que gostaria de ganhar com a migração de aplicativos ou da infraestrutura para a nuvem, mas a motivação mais atraente é, de longe, a oportunidade de conquistar um processo de gerenciamento simplificado, uma implantação mais rápida ou uma economia que beneficie os resultados financeiros.
Infelizmente, para muitas organizações, atingir esses benefícios não é fácil, talvez nem seja viável. Conforme demonstrado pelas descobertas no relatório deste ano, apenas cerca de um quarto (28%) dos profissionais de TI entrevistados obtiveram todos os benefícios esperados após a migração de áreas da infraestrutura de TI da organização para a nuvem. Parte disso pode estar relacionada a expectativas muito altas com a nuvem, sem a devida consideração antes da migração. Veja a seguir algumas realidades que os profissionais de TI devem considerar.
A nuvem não é barata
Os departamentos de TI no mundo todo sofrem pressão da gerência para migrar para a nuvem, já que ela é geralmente vista como um modelo mais barato se comparada com a hospedagem local de aplicativos. Mas esse nem sempre é o caso. Dependendo dos aplicativos que são migrados e dos serviços adicionais selecionados, pode acabar saindo mais caro para uma organização do que a implantação local. Até os profissionais de TI projetarem e criarem a pilha inteira, o preço provavelmente será mais alto do que o esperado. Com a imensa quantidade de serviços oferecidos pelas empresas, como a plataforma Amazon Web Services™ (AWS®), as organizações podem carregar recursos adicionais que oferecem maior amplitude e profundidade dos dados do aplicativo, mas isso tem um preço.
Por exemplo, conheço uma organização que costumava manter seus próprios datacenters, mas acabou decidindo migrar alguns de seus aplicativos para a AWS com o intuito de economizar custos. Depois de todos os serviços adicionais que ela incluiu à solução AWS, os gastos ficaram em torno de R$ 23.345.000 por ano, que era muito mais do que eles previram. A empresa acabou retirando parte dos serviços da nuvem e migrando para um modelo de datacenter de colocalização, o que reduziu os custos operacionais de TI para R$ 8.337.500 por ano. Esse exemplo vai de encontro à pesquisa e mostra que, embora os custos possam ser o principal motivador, há outras considerações importantes; afinal, 30% dos profissionais de TI que migraram ou tentaram migrar a infraestrutura para a nuvem acabaram voltando atrás no final das contas ou deixando parte no local.
Gerenciamento contínuo
O mais importante é ter em mente que, no ambiente sob demanda atual, o usuário final exige o tempo de atividade e um tempo de resposta aceitável, independentemente de onde o aplicativo está hospedado. Os ciclos de vida dos aplicativos também mudam, tornando-se menores e exigindo integração e entrega contínuas. Quando um aplicativo está na nuvem, os serviços passam a ser “demanda como serviço” e precisam ser executados em níveis ideais constantemente para cumprir os SLAs.
As partes operacionais da nuvem envolverão mais do que velocidade e feeds. Voltando no tempo da TI tradicional, os administradores tinham que realizar exercícios em planilhas para planejar o dimensionamento do datacenter. Eles precisavam considerar as necessidades atuais e determinar o que poderia acontecer depois de alguns anos de crescimento potencial para tomar uma decisão em relação ao tamanho do datacenter. Após a transição para a nuvem, esses serviços passam a ser sob demanda, e os profissionais de TI agora devem se dedicar a garantir o cumprimento dos SLAs dos aplicativos e trabalhar para manter a linha de base sob controle.
Uma das formas de se atingir isso é implementando um sistema de monitoramento que proporcione uma visão abrangente de todo o ambiente de TI híbrida. Esse tipo de sistema possibilita que a equipe de TI tome decisões bem-informadas sobre as cargas de trabalho que pertencem ao hardware local ou à nuvem. Em determinado momento, ele vai mostrar quando o desempenho de um aplicativo está caindo ou abaixo da média, seja na nuvem ou no hardware local, e comparar o desempenho relativo entre os dois para tomar decisões bem-informadas. Ao dominar as ferramentas de monitoramento de TI híbrida, o profissional de TI pode entender como os aplicativos mudam ao longo do tempo e acompanhar os requisitos reais e a carga de trabalho deles.
Considerações antes da migração
A TI híbrida torna os ambientes de TI mais complexos. Agora, os profissionais de TI têm de enfrentar várias partes móveis pelas quais eles são responsáveis, e apesar de não terem controle sobre muitas delas, ainda precisam gerenciá-las. Os profissionais de TI podem colocar seus aplicativos no servidor e na infraestrutura de terceiros, mas depois que os aplicativos estiverem lá (independentemente de residirem ou serem hospedados), esses profissionais ainda serão responsáveis pela qualidade de serviço dos aplicativos, garantindo o cumprimento com o SLA.
Um exemplo recente foi a falha no Amazon® S3™, que afetou muitos sites e aplicativos Web que usavam a região S3 da AWS para armazenamento. Embora as organizações em todo o país tivessem aplicativos em execução em seus servidores, os profissionais de TI ainda eram responsáveis por garantir o funcionamento deles. Por essa razão, é essencial que as equipes de TI projetem adequadamente os aplicativos para diversos provedores de serviços de nuvem, pois isso reduz o risco de tempo de inatividade e baixo desempenho. Claro que a consequência disso é o aumento de variáveis e complexidade no ambiente de TI híbrida.
As equipes de TI também devem considerar cuidadosamente seu nível de experiência antes de migrar os aplicativos para a nuvem, principalmente uma nuvem pública. Elas devem começar por um aplicativo que não seja de missão crítica e migrar gradativamente para aplicativos mais importantes. Para garantir a proteção adequada dos dados na nuvem, as organizações de TI devem ter extrema consciência a respeito da mitigação dos riscos na hora de trabalhar com seu provedor de serviços de nuvem e tomar medidas para usar cuidadosamente as ferramentas de monitoramento e gerenciamento de segurança.
Práticas recomendadas
Com a crescente migração para a nuvem, os profissionais de TI precisam estar munidos de práticas recomendadas para acompanhar o ritmo deste panorama em transformação. Eles devem considerar o seguinte:
- Colaboração: É vital que os profissionais se mantenham em contato com colegas do setor e também aproveitem as comunidades que são criadas em torno das novas tecnologias. Se eles puderem manter contato e colaborar com outros usuários, compartilhar estudos de caso e discutir o que funciona melhor para eles, terão uma vantagem para compreender e usufruir de todos os benefícios da TI híbrida.
- Comunicação: Os profissionais de TI precisam de habilidades de comunicação avançadas. A comunicação bem-sucedida dos êxitos e problemas para a equipe de gerenciamento é muito importante. Eles também devem se comunicar claramente com seus provedores de serviços de nuvem, em especial quando há aplicativos espalhados por diversos locais.
- Conjunto abrangente de habilidades: Como o cenário da TI híbrida continua mudando e evoluindo, os profissionais de TI precisam desenvolver um conjunto abrangente de habilidades para preparar seus trabalhos para a nuvem. Se os profissionais de TI obtiverem as habilidades necessárias para ganhar visibilidade e solucionar os problemas que acompanham esse ambiente de TI híbrida, eles terão capacidade para entrar nessa era da TI.
Se uma organização ainda não começou a migrar para a nuvem, há muitas chances de que comece a fazer isso em breve. Os profissionais de TI precisam estabelecer expectativas com a gerência no que diz respeito à TI híbrida, e a comunicação dessas expectativas e realidades será vital para comprovar o sucesso de qualquer implantação. Como o ambiente de TI está cada vez mais complexo, os profissionais de TI precisam continuar dominando novos conjuntos de habilidades e preparando seus trabalhos para a nuvem do futuro.
Kong Yang é Head Geek™ da SolarWinds