Um relatório divulgado no ano passado pela Agência da ONU para Drogas e Crime (UNODC) estima que 158,8 milhões de pessoas no mundo, ou 3,8% da população entre 15 e 64 anos, consuma drogas feitas com cannabis (maconha e haxixe). Na América do Sul, há 6,7 milhões de usuários. Oncologistas do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia afirmam como alerta ao Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado no dia 29 de agosto, que o uso desta substância psicoativa pode ter consequências maléficas, dentre elas o câncer.
“Há estudos que mostram um aumento expressivo de ocorrência de alguns tipos de câncer, como o de testículo, por exemplo. De acordo com um artigo divulgado na Revista BMC Cancer em 2015, uma publicação cientifica do Reino Unido, pesquisadores notaram um aumento de 150% na incidência desse tipo de tumor entre os homens que usavam maconha. Em relação ao câncer de pulmão, o uso da droga provoca alterações diretas no tecido pulmonar, que predispõem ao desenvolvimento de tumores malignos, já que irrita e lesa as células do parênquima dos pulmões”, explica o oncologista Rafael Luis Moura Lima do Carmo.
Apesar de considerado inofensivo por alguns, o cannabis, traz diversos problemas com o seu uso. “Dependência química, problemas vasculares, doenças psiquiátricas, alterações pulmonares agudas e infertilidade são alguns dos exemplos”, completa o médico.
Outros estudos associam o uso regular da maconha com a redução da cognição, ou seja, piora da capacidade de raciocinar. Entre os problemas psiquiátricos, os usuários apresentam maior risco de desenvolver esquizofrenia, com um aumento de aproximadamente 24%. “Ademais, ansiedade, depressão e transtorno bipolar parecem ter alguma relação com o uso da substância. E não podemos esquecer que o uso de drogas como a maconha pode levar também ao desenvolvimento da dependência de outras drogas”, afirma o oncologista.
Benefícios em estudo
Embora tenha efeitos nocivos do seu uso regular, a maconha tem se mostrado útil para a medicina, já que tem sido usada em algumas situações específicas, como controle de dor, falta de apetite e de náuseas e vômitos em pacientes com câncer.
“Alguns estudos mostram alguma melhora do enjoo pós-quimioterapia em pacientes que não tiveram sucesso usando as medicações comuns. O mesmo aconteceu com o nível de dor quando doentes com câncer avançado foram tratados, sem sucesso, com medicações analgésicas normalmente utilizadas pelos médicos. Outro uso foi o de estimulador de apetite. Entretanto, devemos nos lembrar dos efeitos adversos do uso da droga e que não se sabe quais podem ser as consequências do uso a longo prazo. De qualquer maneira, os compostos derivados da maconha ou a própria planta para consumo não são liberados no nosso país”, ressalta outro oncologista do grupo, David Pinheiro Cunha.
Ambos os médicos enfatizam que o fato é que o tabagismo, o uso narguilé e a da maconha são hábitos com efeitos colaterais que devem ser combatidos e evitados, a fim de promover melhor saúde para o corpo e para a mente. “Praticar esportes, encontrar amigos, trabalhar, explorar a natureza, todos esses bons hábitos podem ser o caminho para uma vida sem drogas e com saúde!”, acrescentaram.
Dia Nacional de Combate ao Fumo
Criado em 1986 pela Lei Federal nº. 7.488, o Dia Nacional de Combate ao Fumo, comemorado em 29 de agosto, tem como objetivo reforçar as ações nacionais de sensibilização e mobilização da população brasileira para os danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados pelo tabaco. No Brasil, o INCA é o órgão do Ministério da Saúde que coordena o Programa Nacional de Controle do Tabagismo. O programa visa à prevenção e à cessação do tabagismo na população por meio de ações que estimulem a adoção de comportamentos e estilos de vida saudáveis e que contribuam para a redução da incidência e da mortalidade por câncer e doenças tabaco-relacionadas no país.