A situação política brasileira está passando por um momento quase sem precedentes na sua história recente, que tem levantado dúvidas em todos os setores de negócios sobre os seus efeitos em um futuro próximo. Os impactos na economia já começam a aparecer, como a redução do PIB do último trimestre e outros indicadores negativos. O país todo vive a expectativa de como será o próximo ano, uma vez que as consequências dos distúrbios políticos e econômicos ainda não são previsíveis.
O setor de produtos para saúde, que vem mantendo crescimento importante nos últimos anos, tem demonstrado significativo descolamento da economia como um todo. Em 2015, com previsão de crescimento do PIB nacional próximo de zero, o setor espera crescer 7%.
Existem, no entanto, fatores preocupantes. Por um lado, a estagnação da economia leva a menor geração de empregos, quando não a uma diminuição – o que, no setor Saúde, se reflete em menor busca por planos de saúde. A redução da atividade economia, por sua vez, com consequente queda de arrecadação, pode provocar dificuldades de pagamentos no setor por parte do setor público e diminuição de sua capacidade de investimentos.
Some-se a estes fatos a expectativa generalizada de valorização do dólar que, além de provocar elevação de custos, implicará uma diminuição de importações e da disponibilização no país de novas tecnologias médicas. Outro aspecto que poderá afetar os investimentos é a potencial elevação dos custos proporcionados pelo crescimento do acesso da população ao sistema público de saúde.
Examinemos agora outros aspectos da questão. Pelo lado público, há um compromisso constitucional de gastos na Saúde que envolve as três esferas de governo. Um mínimo de 12% da receita no âmbito estadual deve ser reservado à Saúde. No âmbito municipal, este valor é de 15%. Já o volume dos gastos do Governo Federal deve acompanhar o crescimento de PIB, o que, em princípio, significará este ano um aporte de recursos equivalente ao de 2014.
Há de se considerar também a contrapartida do que as novas tecnologias proporcionam. Se por um lado existe uma preocupação com um eventual aumento de custos, por outro, novas tecnologias estão cada vez mais focadas na eficiência, tanto de diagnósticos, como de desfechos clínicos, que proporcionam mais qualidade de vida, redução de eventos adversos e/ou complicações, diminuição do tempo de internação hospitalar e potencial redução de tratamentos futuros, considerando –se as ações de prevenção. Esses fatores proporcionam benefícios imensuráveis para pacientes, além de impactar diretamente a economia como um todo.
É com base neste cenário que o setor de Produtos para Saúde realiza seu planejamento econômico e estratégico. Estudos recentes de mercado e pesquisas junto a empresários ainda mostram a permanência de um relativo otimismo. Acredita-se que nesta área prevalecerá um desempenho acima PIB e que o setor continuará registrando um crescimento importante.
O setor tem também a convicção de que o crescimento se faz e não se espera. Por isso e por acreditar no potencial do país e na sua força, as empresas se mobilizam.
As associações, por sua vez, fazem a sua parte na promoção e alinhamento com as políticas do setor, estimulando as empresas a se unirem em prol do objetivo maior, que é o bem-estar do paciente e da saúde de cada brasileiro.
* Carlos Alberto P. Goulart é presidente-executivo da ABIMED – Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde