O melhor remédio é a prevenção, já diziam os contemporâneos de nossos avós há algumas décadas. Esses “antigos pensadores” nunca estiveram tão próximos da verdade quanto nos dias atuais. De forma bastante irônica, os rumos para a melhoria da saúde mundial passam, em partes, pelo resgate desse passado.
Não estou falando da medicina praticada antigamente, mas daquela que une a tecnologia disponível nos dias de hoje – cuja oferta cresce em níveis exponenciais – com a ideia de que o cuidado com o paciente deve vir antes mesmo do surgimento de qualquer enfermidade.
Isso pode parecer óbvio, mas não é. Nas últimas duas décadas, os gastos com a saúde no Brasil subiram quase 2%: em 1995, 6.5% do PIB era destinado para este fim; em 2014, o valor já correspondia a 8.3% (World Health Organization Global Health Expenditure). Muito desse crescimento se deve ao aumento na demanda por serviços de saúde pública, que a cada dia recebe mais e mais pacientes vítimas de complicações causadas por enfermidades como obesidade e diabetes – doenças cuja prevenção poderia fazer toda a diferença no processo de tratamento, impactando positivamente nos gastos do Estado com a área.
Esta realidade tem feito com que instituições e profissionais de saúde busquem, cada vez mais, sistemas que os ajudem a entender os riscos. Ou seja, prever suas ações – e gastos – com base nas possibilidades de um grupo ou indivíduo desenvolver certas doenças. Nestes casos, soluções como o PEP (prontuário eletrônico do paciente) tornam-se indispensáveis para que toda a história clínica do paciente possa ser analisada, e que este seja assistido da melhor forma e no momento correto.
Este é o conceito por trás do modelo de negócio buscado atualmente pelas operadoras de saúde, como instituições públicas e convênios médicos; o chamado value-based-care. A proposta é calcada na remuneração com base no cuidado do paciente e da percepção deste com relação ao atendimento, e não somente no número de consultas e/ou exames clínicos realizados. Desta forma, médicos, técnicos e enfermeiros são incentivados a conduzir todo o processo com uma visão mais sistêmica do paciente, colhendo o máximo de informações possíveis antes da decisão clínica. O resultado é um atendimento único, com mais qualidade, assertividade e acolhimento.
O futuro da saúde no Brasil está sendo escrito todos os dias, especialmente quando consideramos o crescente número de pessoas que migram de planos privados para o Sistema Único de Saúde, tornando ainda mais difícil fazer qualquer previsão. Entretanto, não há como fugir de um atendimento cada vez mais personalizado, melhorando as relações na perspectiva do paciente.
*Artigo escrito por José Antônio Gasque Júnior, gerente de Marketing da Pixeon