Com seu humor peculiar (“católicos não são coelhos”), o Papa Francisco levantou esta semana a bola do planejamento familiar, tema caro a um mundo de quase 7 bilhões de seres humanos que assiste ao preocupante aumento da brecha entre ricos e pobres. Mas um aspecto do discurso improvisado no avião que o levava da Ásia de volta ao Vaticano, na última terça-feira, foi pouco explorado: ao mencionar a paternidade responsável, sempre se referindo à família como um todo, o líder de 1,2 bilhão de católicos envolveu diretamente os homens, histórica e culturalmente poupados da responsabilidade sobre o controle de natalidade. Nisso, mostrou-se alinhado com os novos tempos, sobretudo no Ocidente, onde a ciência tem se debruçado mais sobre técnicas contraceptivas focadas neles.
Com previsão de início da fase de testes clínicos em humanos no final deste ano, o Vasalgel, maior novidade da área, é a primeira injeção contraceptiva para homens. Seu processo de ação é simples: a solução gelatinosa é injetada no canal deferente, no aparelho reprodutor masculino, bloqueando a passagem dos espermatozoides. Similar ao Risug, tecnologia que já está em fase clínica avançada na Índia, a técnica é uma alternativa à vasectomia e à camisinha, duas únicas e antigas opções disponíveis para os homens. O procedimento deverá ser rápido, realizado em cerca de 15 minutos após uma anestesia local, e poderá ser revertido com facilidade com outra injeção que dissolveria o hidrogel. Após já ter percorrido um ano de resultados bem-sucedidos em coelhos, o Vasalgel deve chegar ao mercado apenas em 2017.