Resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos do Hospital Albert Einstein somam mais de 9 toneladas somente neste ano. Modelo mostra eficiência e fluxos para o completo aproveitamento do material.
Junto com os avanços e da imensa diversidade tecnológica, deve estar, também, a preocupação com o descarte de resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos, conhecidos como REEE. Estes materiais são considerados potencialmente perigosos porque possuem componentes tóxicos e metais pesados que, se entrarem em contato com os seres humanos, sem as devidas precauções, podem ocasionar graves doenças. Isso sem contar os riscos ambientais de contaminação de solo e da atmosfera.
No caso da Saúde, os hospitais têm contribuído de forma significativa para o problema do lixo eletrônico. Afinal, a medicina se torna, ano após ano, mais dependente de novas tecnologias, consumindo e descartando equipamentos, sobretudo na área de diagnósticos.
E se por um lado uma instituição hospitalar tem como propósito levar saúde às pessoas, seria um contrassenso expor a saúde humana aos riscos devido a uma prática não responsável da gestão.
Pensando nisso, o Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE) iniciou suas primeiras ações que buscavam o correto e sustentável destino dos REEEs. Em 2012, com o programa “Desapega”, foi possível identificar os materiais que não estavam sendo mais usados nos departamentos.
Nesta ação, ao longo de uma semana, foram descartados papéis, móveis e equipamentos que não tinham mais serventia. Nos dois primeiros anos, 2012 e 2013, foram descartados cerca de 15 toneladas de equipamentos, uma média de sete toneladas por ano. Neste ano de 2014, apenas até o mês de outubro, já foram descartadas mais de nove toneladas.
“Analisando criticamente este cenário, entendemos que era necessário estabelecer um processo sistemático para favorecer o reaproveitamento de nossos REEE ao máximo e, quando isso não fosse possível, providenciar o descarte ambientalmente mais adequado desses resíduos”, explica Vanessa Torres, Consultora de Sustentabilidade do hospital.
Desta forma, criou-se o Comitê de Desativação de Equipamentos, formado por um grupo multidisciplinar composto por representantes dos departamentos Jurídico, Tecnologia da Informação, Engenharia Clínica, Manutenção, Sustentabilidade e Instituto de Responsabilidade Social.
O comitê realiza a avaliação dos equipamentos a serem descartados para, assim, dar o destino que cause o menor impacto possível. A lógica destes procedimentos segue um fluxo, passando por reaproveitamento interno, reaproveitamento externo (venda ou doação) e, por fim, o encaminhamento para reciclagem.
“A avaliação técnica é feita exclusivamente pela Engenharia Clínica ou pelo setor de TI. Sempre que o equipamento recebe a classificação ‘sucata’ verifica-se a possibilidade de remoção de peças para aplicação em outros equipamentos similares antes da destinação final”, salienta Vanessa.
Quando não há nenhuma possibilidade de reaproveitamento, o equipamento segue para uma cooperativa que faz uma nova triagem, desmontando os componentes e enviando as partes e peças para reaproveitamento e reciclagem de acordo com o tipo de material.
Parcerias para a sustentabilidade
O descarte de REEE vem recebendo destaque nas discussões de políticas públicas, mobilizando bastante o setor. Exemplo disso são iniciativas como a publicação na norma ABNT NBR 16.156, que surgiram em decorrência desses debates.
“Como grandes consumidores de equipamentos elétricos e eletrônicos, acreditamos que essas medidas sejam um grande avanço por possibilitar um ciclo produtivo sustentável, em que, desde a concepção desses produtos, seu destino final já seja pensado, tonando a cadeia de valor colaborativa e circular.”
Despontam-se, então, as parcerias com fornecedores a fim de encontrar soluções conjuntas e eficazes para a destinação de resíduos. “Estas parcerias devem se tornar uma praxe no setor de eletroeletrônicos, a partir da regulamentação de acordos setoriais que estão sendo discutidos. Esperamos que com isso seja possível melhorar ainda mais a nossa prática de destinação dos resíduos tecnológicos.”