O advento de um novo ano nos leva a avaliar aquele que passou, as conquistas e pontos que ainda têm potencial de melhoria, como também a implementar o planejamento recém aprovado, corrigir rotas e melhorar o desempenho.
O Brasil continua sendo um dos mais promissores países para ocupar um lugar de destaque socioeconômico na comunidade internacional. O potencial de mercado, com seus mais de 200 milhões de habitantes, com a ampliação da faixa etária ideal para o trabalho (bônus demográfico), suas imensas riquezas naturais e amplitude de vocações são fatores determinantes para o sucesso.
No entanto, mazelas recorrentes continuam emperrando e travando o desenvolvimento do País. É o caso da deficiência de infraestrutura, da alta e complexa carga tributária, carência de uma educação de qualidade, problemas de segurança e da falta de um planejamento econômico sustentável e de longo prazo – os mesmos pontos que inspiraram o movimento da população em junho passado.
O mercado de produtos para a saúde, apesar destas mazelas, tem sido um destaque positivo no cenário nacional. Fechou 2013 com crescimento de 10% e a expectativa é manter o nível de expansão neste ano. Vale mencionar que o crescimento médio nos últimos anos também foi na faixa dois dígitos.
Fatores sobejamente conhecidos, como a ascensão à classe média, o envelhecimento da população, o potencial de melhoria do sistema de saúde e a demanda reprimida continuarão a ser molas propulsoras do setor. O cuidado com a saúde, de alguns anos para cá, é visto e tratado pelo Governo como importante vetor de desenvolvimento socioeconômico, uma vez que emprega mais de 12 milhões de pessoas e tem despesas da ordem de 9% do PIB.
Mas há ainda grande potencial de melhora. O Brasil precisa se inserir de forma proporcional ao seu PIB e ao status de sétima economia do mundo no mercado de produtos global. O Brasil precisa ser mais participativo nas pesquisas clínicas, agilizar a introdução de novas tecnologias, precisa de mais inovação e atingir grau de competitividade para atuar no mercado internacional.
Fazem parte das políticas governamentais o incremento da agregação de valor local, a geração de empregos, o estímulo à inovação e a disponibilização de financiamentos atrativos.
Para viabilização e sucesso destas políticas, é necessária uma discussão ampla, envolvendo todos os atores da cadeia de saúde, de forma transparente, construtiva e ética. Na condução das políticas, deve-se estar atento às rápidas e constantes mudanças que o mundo vive, buscar soluções inovadoras e propiciar um ambiente aberto, evitando-se, sobretudo, repetir as políticas mal sucedidas do passado.
* Carlos Goulart é presidente-executivo da ABIMED – Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Equipamentos, Produtos e Suprimentos Médico-Hospitalares.