A segurança do paciente é um dos pilares de uma instituição de saúde e deve ser mantida, principalmente, em momentos de urgência. Quando um local passa por uma catástrofe ambiental, com menor ou maior proporção, os serviços de saúde precisam estar preparados para atender a sua população.
Desde o século 20, em algumas regiões do mundo, onde as catástrofes eram densas e provocavam preocupações em relação ao atendimento médico, a discussão sobre o tema ganhou destaque. Com isso, a OMS criou o conceito de Hospital Seguro: um estabelecimento de saúde onde os serviços permanecem acessíveis e funcionando com a sua capacidade máxima, e com a mesma infraestrutura, imediatamente, ou depois de um fenômeno destrutível de origem natural.
Já no século 21, o conceito foi ampliado devido a maior proporção das catástrofes naturais. “Hoje, caracterizamos como hospital seguro qualquer estabelecimento de saúde que tenha capacidade plena de suportar diversos tipos de catástrofes, funcionando completamente em sua condição física, de instalação e de estrutura”, comenta Fábio Bitencourt, Arquiteto D Sc e Professor.
“O mundo todo está voltado para este tema. Tanto os hospitais de regiões mais desenvolvidas, mas, sobretudo as regiões de médio e baixo desenvolvimento. E este baixo desenvolvimento bate diretamente na qualidade das edificações, por isso, é fundamental total atenção em relação ao projeto da instituição”, comenta Bitencourt.
A conceituação e os elementos que estão vinculados à arquitetura e engenharia devem minimizar grandes tragédias. “Os projetos devem ser os mais otimizados possíveis, ou seja, o Hospital Seguro deve trazer elementos de funcionalidade, tanto para os profissionais de saúde, quanto para os usuários, visitantes e pacientes”, diz.
Para o Engenheiro hospitalar Belga, Paul Merlevede, que representa o assunto “Hospitais Seguros” na IFHE e na OMS, as instituições devem ser projetadas de tal maneira que, especialmente, as áreas críticas do hospital, como Unidades de Tratamento Intensivo, continuem funcionando com energia elétrica e água potável.
“A segurança do paciente não está apenas na assistência médica, mas também na infraestrutura da instituição. Temos de ter em conta, quando avaliamos as infraestruturas de saúde, como isso pode ser aplicado a países de baixa renda e os com maiores recursos. O princípio de segurança vai ser o mesmo, mas sua execução vai depender muito do País”, comenta Merlevede.
Hoje, existem documentos que permitem avaliar se a infraestrutura de um hospital é ou não segura. Mediante esta avaliação, é possível dizer quais reformas podem ser feitas para torná-lo seguro, ou se é necessária a construção de um novo hospital.
“Agora, com o assunto sendo tratado dentro da OMS, podemos começar a desenvolver um documento oficial com princípios básicos para a construção de hospital seguro, implantando regras de infraestrutura e técnicas para a segurança do paciente”, conclui o engenheiro.
Hospitais seguros no Brasil
O Brasil é um dos países onde os fenômenos naturais não são tão devastadores de imediato, mas acontecem com frequência, trazendo consequências graves para os ambientes de saúde. No País é possível encontrar bons exemplos de cuidado e segurança com relação às edificações.
“Algumas regiões mais desenvolvidas do Brasil possuem naturalmente respostas de segurança mais qualificadas. Encontramos hospitais com áreas de segurança voltadas para as possíveis catástrofes, seja voltada para tecnologia e engenharia de segurança dos equipamentos, ou para engenharia clínica”, ressalta o arquiteto Bitencourt.
Entretanto, mesmo com bons exemplos, o Brasil ainda precisa melhorar. “Cada vez que visitamos hospitais em países com alto nível de desenvolvimento, percebemos que temos muito para andar no sentido do equilíbrio das nossas instituições e edificações e de seu funcionamento”, comenta. Ele ainda salienta que não adianta ter ilhas isoladas de bom funcionamento no País, mas é preciso ter um sistema equilibrado e qualificado.
“O investimento, seja público ou privado, é muito importante. O hospital não é uma estrutura simples, é sempre uma edificação complexa, com tecnologias complexas, e que consome recursos financeiros, de conhecimento, e de tecnologia. Por isso, demanda que tenhamos um cuidado especial com esses investimentos. Não podemos fazer aventuras nas construções de hospitais”, afirma.
Para Bitencourt a solução cabe à questão da qualificação do gestor. “Falta qualificar os gestores que compreendem esse processo – planejador, operador, mantenedor, e outros. Qualificar para que possam cobrar na área técnica, em qualquer segmento, projetos com qualidade, que irão representar e facilitar uma edificação em todos os sentidos de instalações, operacionalização, equipamentos e consequentemente a menor possibilidade de acidentes dentro desse espaço”, conclui.