Muitas vezes nos perguntamos ao longo de nossa vida profissional qual será o legado que vamos deixar para as futuras gerações. Temos dentro de nós o desejo de criar algo que seja perene, que leve um pouco de nós adiante no tempo. Este desejo talvez seja no íntimo uma estratégia humana para nossa própria perpetuação.
Este aspecto fica em nosso subconsciente a maior parte do tempo e se manifesta, vez ou outra, em datas especiais, como o nascimento de um filho ou em datas aleatórias provocadas por algum fato ao acaso.
Gostaria de convidar você, leitor, a refletir especificamente no legado do gestor da área de saúde. Na escolha de gerir uma instituição hospitalar, escolhemos uma organização por demais complexa, como afirmava Peter Druker, um dos gurus da administração.
O hospital é composto por diversas questões porque não inúmeras outras organizações, desde as mais simples até as mais avançadas em tecnologia nuclear.
Ainda falando em estrutura hospitalar, temos o serviço de higienização e limpeza, o serviço de nutrição e dietética, serviço de processamento da roupa, serviços de enfermagem, serviços médicos diversos, serviços de S.A.D.T.s – Serviços Auxiliares de Diagnósticos e Tratamento – como os serviços de imagem ultra tecnológicos, de medicina hiperbárica, que considero ser a medicina do futuro disponível hoje.
Podemos ainda descrever serviços administrativos como contabilidade, gestão de pessoas, planejamento estratégico, marketing, entre outros. A lista de serviços que compõem a estrutura organizacional de um hospital ainda pode ir muito além dos exemplos aqui citados.
Qual outra organização tem este nível de complexidade? Qual outra organização que, além deste nível de complexidade, interage diretamente com a vida humana, causando impactos positivos quando a saúde é restabelecida ou impactos extremamente negativos quando, infelizmente, ocorre danos ao paciente ou erro médico?
A indústria automobilística por mais complexa e tecnológica que seja, seu maior erro causa apenas danos materiais e financeiros. Concluímos, então, que o hospital ganha de longe em complexidade.
Analisamos até o presente momento as estruturas organizacionais. Gostaria de inserir agora em nossa reflexão os pacientes que são objeto de ser do hospital.
Veja, caro leitor, recebemos em nossas instituições todos os tipos de cidadãos.
Pacientes de hospitais são membros de alguma família: mães, pais, filhos, irmãos, tios, isto quer dizer que trabalhamos com a força motriz da sociedade: a Família.
Muito nobre e muito poderoso. Você já havia pensado desta forma?
Para chegarmos à conclusão do legado do gestor hospitalar, ainda precisamos inserir mais um elemento: a comunidade ao redor.
Em muitas cidades pequenas, o hospital chega a ser o segundo maior empregador do local.
O hospital extrapola sua estrutura organizacional, adquirindo a posição mais importante da cidade, ganhando a preferência dos políticos, das organizações não governamentais, do governo e da sociedade civil.
Existe uma ferramenta que mostra claramente o alcance de um hospital, que é a listagem dos públicos de interesse ou stakeholders. Vamos nos aprofundar nesta listagem em públicos primários, secundários, terciários e assim por diante.
Ao fazer o levantamento dos públicos de interesse dos hospitais, você irá se surpreender ao descobrir o longo poder de alcance dessas instituições.
Imagine jogarmos uma pedra em uma lago, este impacto primário imediatamente gera outros impactos secundários, terciários e assim por diante.
É possível perceber o magnífico impacto que seus projetos e ações podem alcançar.
Seu legado, gestor, certamente chegará a uma extensão inimaginável, portanto todo o esforço, dificuldade e sacrifício com certeza serão recompensados, por fazerem a diferença para incontáveis pessoas no presente e no futuro.
Artigo publicado na 47ª edição da revista HealthCare Management.