Cerca de 200 pessoas ocuparam hotel desapropriado no local da obra na Cracolândia. MP quer que Prefeitura de SP e estado criem um conselho gestor.
Um impasse entre a Prefeitura de São Paulo, governo do estado e o Ministério Público provoca um atraso de 30 meses na obra da nova sede do Hospital Pérola Byington.
O hospital conhecido por ser um centro de referência da mulher funciona atualmente em um prédio alugado na Avenida Brigadeiro Luís Antônio. A nova unidade será no meio da Cracolândia, na região da Luz, Centro de São Paulo. No entanto, as obras do hospital que deveria estar quase pronto ainda não começaram porque o terreno está no meio de uma área de interesse social.
O local foi escolhido para ajudar na revitalização da região. “A ideia era usar uma quadra de uma área problemática pra poder melhorar do ponto de vista de urbanismo, revitalizar a área e o hospital tem essa característica, o hospital movimenta a região 24 horas”, afirmou Ricardo Tardelli, coordenador do projeto de implantação das Parcerias Público Privadas da Secretaria da Saúde.
O terreno do futuro hospital tem imóveis que foram desapropriados, mas como é uma área de interesse social, o governo precisa arruma um local para morar para quem sair a área.
O comerciante Manoel Pereira veio de Portugal no início da década de 50 e passou a morar em um imóvel vizinho ao terreno. O imóvel foi desapropriado e o governo pagará indenização no valor de R$ 455 mil. “Pelo menos a gente esperava um valor justo, que desse pra gente comprar em outro lugar e a família continuar unida, sem se separar”, lamentou ele.
Em um casarão que já tinha sido desapropriado, mas não podia ser demolido por ser protegido pelo Patrimônio Histórico, foi ocupado por 200 mulheres, a maioria mulheres e crianças. A ocupação ocorreu há um ano.O projeto prevê que o casarão seja adaptado para ser o ambulatório do hospital.
“A gente não tem pra onde ir, a gente ocupou porque não tem teto, somos um bocado de famílias, crianças, gestantes, e a gente tá aqui por necessidade”, afirmou a dona de casa Giovana Lorida.
O Ministério Público recomendou ao estado que suspenda a obra e que a Prefeitura crie um conselho gestor para a área.
“A recomendação é justamente no sentido de que seja feito um cadastramento de todos os moradores da região, nós vamos ver quantas famílias são, quantas pessoas integram cada uma dessas famílias e que seja feito um atendimento habitacional para essas pessoas”, disse a promotora Cláudia Maria Bere.
Enquanto dura o impasse, o hospital pérola Byigton paga R$ 380 mil mensair pelo aluguel no prédio da Bela Vista. Nesses 30 meses de atraso, o estado gastou R$ 11,4 milhões em aluguel.
A Secretaria Municipal da Habitação disse que está em contato com o governo do estado para discutir a formação de um conselho gestor que vai fazer o cadastramento dos moradores.
A Prefeitura disse que o local não possui nenhum processo de construção protocolado na Secretaria de Urbanismo e Licenciamento e que em caso de licenciamento serão cumpridas todas as exigências.
Fonte: G1