Estimativas revelam um diagnóstico claro, quando o assunto em questão é o câncer: é preciso investir cada vez mais em prevenção, orientação e tratamentos mais eficazes contra a doença. Segundo o último levantamento anual realizado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), cerca de 576 mil pessoas no país deverão ter algum tipo de câncer este ano. No Vale do Aço, os números também chamam a atenção. De acordo com o Hospital Márcio Cunha (HMC), que é referência no Leste de Minas Gerais em tratamentos oncológicos, 1.200 novos casos são registrados a cada ano. A boa notícia para a região é que a Fundação São Francisco Xavier – instituição criada pela Usiminas e que administra o hospital – ampliará a capacidade de atendimentos na Unidade de Oncologia do HMC, ao anunciar R$ 11,7 milhões em investimentos para melhorias na infraestrutura física e para aquisição de dois novos equipamentos de radioterapia.
Neste mês de março, as obras foram iniciadas. “Ao investir em acesso para população a tratamentos mais eficazes contra o câncer, a partir de recursos próprios e recursos captados junto ao Ministério da Saúde, ao Governo do Estado e à empresas, como a Usiminas, a Fundação apresenta-se como modelo de parceria bem sucedida com a comunidade, reforçando a atuação de uma gestão socialmente responsável”, ressalta o diretor executivo da FSFX, Luís Márcio Araújo Ramos.
Importado dos Estados Unidos, o equipamento de radioterapia chamado acelerador linear é capaz de executar tratamentos em qualquer parte do corpo do paciente, ao produzir radiação de alta energia e alta capacidade de penetração e interação com o organismo. Com os novos aceleradores, a capacidade de atendimentos da Unidade de Oncologia do Hospital Márcio Cunha a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), da Usisaúde e de convênios pode aumentar em até 100%, passando de 90 para 180 pacientes diários, eliminando filas de espera de pacientes.
“Hoje o HMC atende a demanda oncológica de uma população de quase 850 mil vidas. Ao passarmos a trabalhar com dois novos equipamentos, poderemos aumentar a nossa capacidade de atendimento, ofertando maior acesso a essa tecnologia diferenciada aos portadores de câncer”, afirma o diretor do Hospital Márcio Cunha, Mauro Oscar Soares de Souza Lima. “Além disso, passaremos a contar com a tecnologia da radiocirurgia, extremamente útil e efetiva para diversos tipos de tumores do sistema nervoso”, completa.
Para abrigar os equipamentos, a Fundação São Francisco Xavier realiza ainda a construção de um bunker na Unidade de Oncologia do HMC, o local com estruturas espessas de concreto apropriado para a instalação e utilização segura dos novos equipamentos. A previsão é de que as obras de construção do bunker e a entrega do primeiro acelerador linear sejam concluídas em julho. Já a chegada do segundo acelerador está prevista para o fim do ano.
Mais eficaz e com menos efeitos colaterais
Mais modernos e mais eficientes, os novos aceleradores lineares produz radiação de alta energia a partir da corrente elétrica, ao invés de utilizar elementos radioativos. Isso permite uma melhor radioproteção, tanto para o paciente quanto para o profissional técnico que realiza os procedimentos no processo de tratamento.
Somado a esse avanço, o Hospital Márcio Cunha ganhará também sistemas computadorizados sofisticados para o planejamento e distribuição das doses de radiação, já incorporados na compra dos aceleradores. Na prática, garantirá aos profissionais técnicos e médicos a utilização de altas doses de radiação limitadas, o máximo possível, ao tecido tumoral doente, preservando mais os órgãos sadios em torno do tumor. “Com isso, reduzimos muito as doses nos tecidos normais e limitamos os efeitos tóxicos e colaterais que o paciente sofre durante o tratamento. Ou seja, conseguimos mais doses no tumor (maior chance de cura) com menor toxicidade (efeitos colaterais)”, pontua o médico radioterapeuta da Unidade de Oncologia do Hospital Márcio Cunha, Pedro Paulo Lopes de Oliveira Junior.
Hoje, os tratamentos modernos de combate ao câncer são, em sua maioria, combinados. “Isto é, utiliza-se a combinação de várias armas terapêuticas. Cirurgia, quimioterapia e radioterapia combinadas das mais diferentes formas e etapas, de acordo com cada caso clínico e condições clínicas do paciente. Sendo assim, a modernização do parque radioterápico do Hospital Márcio Cunha trará aos usuários do SUS e da Usisaúde o que há de mais moderno em termos de radioterapia, não ficando atrás de grandes centros, como São Paulo”, destaca o médico.