Após duas décadas circulando pelo mundo de Health-IT (HIT), expandindo o olhar para o que é considerado referência no tema qualidade em saúde, torna-se muito presente a relação que existe entre as iniciativas globais para revolução digital em saúde e os processos de acreditação hospitalar.
A partir do momento que assumi o desafio de empreender nesta área, percebi que mesmo minha empresa tendo alcançado o patamar de ter desenvolvido um dos mais avançados sistemas de Informação Hospitalares do Brasil, teríamos logo adiante uma comoditização das soluções se não buscássemos maior alinhamento com as dores e necessidades dos hospitais, e também se não procurássemos tangibilizar melhor os benefícios aportados pelo processo de informatização hospitalar.
O desafio estava posto, que era ser um meio mais efetivo na padronização de processos de qualidade e criação de um modelo de excelência para fazer mais com menos e com os melhores resultados para os pacientes.
Neste momento reconheci a necessidade de um olhar mais crítico sobre o nível de maturidade que tínhamos no Brasil e entender melhor qual tendência global em qualidade assistencial e excelência em gestão. O primeiro passo foi através de parcerias e visitas a players internacionais de HIT que fossem complementares a demanda da Salux. Primeira lição, há uma década, foi em relação a importância de um ambiente de sistematização hospitalar que não fosse monolítico, pois um fornecedor apenas não tem como ser bom em tudo e antecipamos à época a visão aberta às integrações e interoperabilidade.
Após várias participações na maior feira internacional de HIT, que é a realizado pela HIMSS (Healthcare Information and Management System Society), ficou premente esta visão de sistemas integrados e foi fortalecida a percepção do quanto a qualidade e a efetividade assistencial tinham se tornado foco para nosso segmento.
No Brasil, este movimento de qualidade assistencial chegou um pouco mais tarde, tendo ganhado força com a iniciativa desenvolvida pela SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde – e CFM – Conselho Federal de Medicina – para certificação do Prontuário Eletrônico, que promoveu maior regulação e também segurança no registro eletrônico dos dados da saúde.
Recentemente, chegou com força no Brasil a iniciativa global realizada pela HIMSS Analytics, em que os hospitais classificados com grau maior que 6 são considerados num nível digital dentro dos parâmetros globais de HIT.
Hoje, temos pouco mais de uma dezena de hospitais em todo Brasil com nível HIMSS 6 e 7, muito menos se comparado com aproximadamente 5% dos hospitais acreditados, nível este ainda muito abaixo dos países mais avançados.
Se analisarmos mais profundamente as acreditações, principalmente as internacionais como a JCI e Canadense, podemos ver o quanto os requisitos para obtenção destes selos apresentam convergência com a questão de padronização dos processos assistenciais e segurança do paciente, também preconizados pela HIMSS.
Ambas iniciativas focam a melhoria contínua dos processos assistenciais para garantia de maior efetividade e meios de prover maiores barreiras à ocorrência de erros assistenciais.
Trazendo um caso prático, tive a espetacular experiência de visitar um cliente, que é um hospital com 100% de atendimento SUS e sempre orientou seus esforços para prover qualidade, tendo selo QMentum Diamante. Acompanhado de executivo da HIMSS Analytics, com intuito de conhecer melhor o nível de adoção de HIT, foi surpreendente o quanto houveram intersecções entre os requisitos necessários para considerar o hospital digital e os atendidos pelos processos de acreditação.
Como exemplo de caso mais comum de controle preconizado por ambas iniciativas, temos os 5 certos para administração de medicamentos, que, considerando todo ciclo fechado, chegamos a 9 passos certos, estendendo o controle de paciente certo, medicamento, dosagem, via e horário certos, para todo circuito de dispensação, dando maior garantia a todo processo, desde a unitarização, suporte a decisão sobre interações medicamentosas, alergias até uma análise da efetividade farmacêutica.
Ao final, sinto que continua forte nossa missão de “Melhorar a saúde através da Tecnologia”, reforçando a premissa de que nós, fornecedores de HIT do Brasil, estejamos cada vez mais atentos às tendências mundiais, que estão calcadas principalmente em promover a qualidade, efetividade assistencial, menos danos aos pacientes, gerando com isso maior foco no paciente e também maior viabilidade financeira para as instituições.
Fabrício Avini é CEO da Salux. Este conteúdo foi publicado na 48ª edição da Healthcare Management. Clique aqui e veja a edição completa.