Por: Carlos Goulart
Uma recente pesquisa do DataFolha revela que, para 45% dos entrevistados, a Saúde é a prioridade número 1. Apesar desse indicador apontar forte e inequivocamente para os anseios da população, por ocasião dos debates eleitorais, tanto no âmbito federal quanto estadual, a discussão sobre a Saúde foi marginalizada. Nenhum dos candidatos apresentou propostas concretas para melhoria ou atendimento das demandas dos brasileiros nesta área e para reduzir a insatisfação popular com a saúde pública no país.
O financiamento à saúde continua sendo um dos principais pontos a serem fortalecidos. O Brasil tem a característica marcante de depender tanto da iniciativa governamental quanto da iniciativa privada nos cuidados com a saúde e melhoria da qualidade de vida do cidadão.
As despesas de saúde no Brasil movimentam mais de 9% do PIB, mas menos da metade vem do setor público – do total de recursos injetados na saúde, cerca de 55% são privados – cuja participação não vem crescendo na proporção necessária. Ao contrário, na esfera federal o percentual de gastos vem caindo sistematicamente.
Existem ainda outros gargalos importantes não resolvidos, como o descompasso entre a aprovação e colocação de novas tecnologias no mercado e a geração destas inovações. Outra barreira é o crescimento da chamada judicialização do setor, quando os pacientes tentam obter por via judicial o que não conseguem no sistema de saúde. Além de onerar o orçamento já limitado do setor, esse recurso pode provocar desorganização no sistema como um todo.
Vale sempre lembrar também a necessidade de reforma tributária, visando desonerar o setor produtivo de custos financeiros indevidos, como também dar maior liberdade ao setor privado para investir na ampliação e recuperação da infraestrutura no país.
O segmento de Produtos para Saúde tem buscado ampliar sua participação nas políticas de estímulo à inovação, principalmente nas Parcerias Para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs), e dessa forma contribuir com o setor de Saúde. A inovação é o caminho para elevar o patamar tecnológico do Brasil, inserindo-o melhor na cadeia global de valor agregado. Esse ciclo contribui diretamente para o desenvolvimento socioeconômico do país, além de proporcionar à população acesso mais rápido a novas tecnologias médicas.
Por todas essas razões, esta é a hora e a oportunidade para uma mobilização geral do setor, na qual os diversos elos da cadeia da saúde – hospitais e clínicas, indústria, sociedades médicas, academia e associações afins -, devem se unir para elaborar propostas e apontar soluções para o aprimoramento dos cuidados médicos no país.
Estas propostas, quando consolidadas, devem ser levadas aos novos governantes, a começar pela Presidência da República, uma vez que a esfera federal é o maior financiador da área pública da Saúde.
Se a sociedade exige respostas para afeiçoar a qualidade dos serviços de saúde é nosso papel contribuir para desatar os nós, que não são poucos e incluem, além do orçamento insuficiente, problemas de gestão, carência de recursos humanos e de infraestrutura, além de uma distribuição irregular pelo país.
ABIMED –Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde