A incorporação de prontuários eletrônicos, wearable devices, smartphones, ERPs e equipamentos médicos por usuários e instituições de saúde vem gerando uma grande quantidade de informação que pode ser usada com aliada por médicos e hospitais na gestão de insumos e segurança do paciente.
Um relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), apontou que, ao menos, 50% das vacinas produzidas no mundo são desperdiçadas anualmente. Essa perda, está relacionada a uma série de fatores, que vão desde a falta de controle de temperatura nos sistemas de armazenamento até o excesso de vacinas em determinados pontos gerando o desperdício.
Uma possível solução para esse problema é a utilização de tecnologias capazes de coletar dados sobre demanda, epidemiologia, monitoramento remoto de lotes e dados sobre armazenagem. Com isso, seria possível realizar uma gestão eficiente, reduzindo perdas e direcionando vacinas e insumos de acordo com as demandas de saúde.
Além da cadeia de abastecimento, o uso de informações pode contribuir consideravelmente na assistência, para a medicina preditiva, personalizada e, principalmente, segurança do paciente. A indústria de softwares vem acompanhando essa tendência e oferecendo aos hospitais cada vez mais ferramentas para auxiliar as equipes multidisciplinares.
De acordo com a superintendente-executiva de tecnologia da informação da Beneficência Portuguesa de São Paulo, Lilian Hoffman, ferramentas que garantam a segurança no atendimento do paciente são um capítulo obrigatório nos planos de tecnologia da informação dos hospitais. “Sistemas de suporte à decisão apresentam informações úteis para que o profissional envolvido no cuidado tome a melhor decisão para um paciente específico, levando em conta suas peculiaridades, dentro de um fluxo de trabalho habitual.”
Ainda de acordo com a executiva, estas tecnologias se tornam importantes à medida que os profissionais precisam lidar com um enorme número de informações para a tomada de decisão, lembrando que, não somente os médicos são apoiados por estas tecnologias, mas toda a equipe multidisciplinar, como farmacêuticos, enfermeiros, nutricionistas e outros.
Considerada uma das tendências para o segmento de saúde, o uso de Big Data traz a promessa de maior segurança e eficiência na assistência ao paciente. A análise preditiva, por exemplo, beneficiará muito as instituições e só pode ser realizada a partir do uso das informações, estruturadas ou não. “A anamnese, capturada em linguagem natural e decifrada em prováveis diagnósticos ou sugestões de condutas também é uma prática possível com o uso dessa tecnologia. Os laudos de radiologia facilitados a partir de sugestões baseadas em imagens prévias”, acrescenta Lilian.
Mesmo apresentando diversas aplicações e vantagens dentro da saúde, ainda existem alguns impedimentos que dificultam a implementação em larga escala pelas instituições. Para a executiva da Beneficência Portuguesa, a carência de profissionais que conheçam dados clínicos e possam trabalhar com ferramentas tecnológicas, como analytics por exemplo, e o desse tipo de tecnologia são os principais problemas enfrentados.
Segurança baseada em dados
A adoção do prontuário eletrônico do paciente é considerada por muitos especialistas como uma tecnologia imprescindível para mitigar riscos de prescrições incorretas, o prontuário contém informações relevantes que apoiam o processo de prescrição.
Informações como alergias e medicamentos de uso contínuo são coletadas durante a admissão do paciente no hospital. Esses dados são adicionados no Histórico de Saúde do Paciente. Quando o médico executa a prescrição de um determinado produto, por exemplo, alguns alertas emitidos pelo sistema, evidenciam prováveis alergias, medicamentos cuja dose tenha passado do limite preconizado em literatura, interações medicamentosas, produtos em duplicidade entre outras observações.
“Na hora da prescrição, o profissional médico deve justificar a real necessidade do produto após ser alertado, isto garante que foi realizada uma revisão, e o produto deve ser realmente administrado na dose, via ou condição específica”, afirma Lilian.
Além do sistema de alertas dentro de seu prontuário eletrônico, a Beneficência Portuguesa vem investindo na implantação do circuito fechado de medicamentos, onde um determinado medicamento é rastreado desde o momento em que chega à instituição, é prescrito pelo médico, dispensado ao paciente, preparado e administrado. “Esse sistema de rastreamento é feito com tecnologia da leitura de código de barras à beira-leito, onde são garantidos cinco certos dos medicamentos – paciente certo, droga certa, horário certo, via certa e dose certa”, finaliza Lilian.
Leia essa e outra matéria publicadas na Revista Health-IT no link.