Você ouve a palavra “yoga” e a cena que se forma quase que imediatamente em sua mente é típica (ou nem tão típica assim): um retiro budista, cercado por nascentes de água cristalina em alguma montanha de clima fresco. Em algum lugar, um Bonshō ressoa e passarinhos cantam. A paz reina e Julia Roberts poderia muito bem estar logo ali, dedicando-se a rezar depois de amar e comer demais.
Mas a verdade é que, por mais que possa ser mais fácil alcançar a paz de espírito estando envolto pela natureza e monges budistas, a prática do Yoga não precisa e sequer deve estar sempre associada a essas condições. Raphael Teixeira, instrutor de Hatha Yoga na Wellness Sport Club, conta que o Yoga, apesar de prática milenar cujos primeiros registros remontam há mais de cinco mil anos, é uma atividade altamente adaptável, e pode se adequar às mais diversas condições de aprendizado.
Adaptabilidade
“Um professor é capaz de criar na aula uma sessão segura para todos, trocando os exercícios que não são recomendados para determinadas pessoas”, explica o instrutor. Além disso, há ao redor do mundo centenas de estilos de praticar Yoga, que propõem caminhos diversos rumo a um mesmo objetivo: a iluminação da consciência e a compreensão da existência.
O Hatha Yoga, estilo ministrado por Teixeira, é considerado um produto do período medieval, que utiliza o campo psicoespiritual para o desenvolvimento do corpo, com metodologia baseada no fortalecimento físico. Os benefícios, no entanto, são vários: concentração, ganho de foco no momento presente, força física, flexibilidade e equilíbrio, tanto físico quanto mental, são os mais perceptíveis de acordo com o instrutor.
Para todos os corpos
Apesar da crença quase unânime de que é estritamente necessário ser flexível para a prática, Raphael explica que, na verdade, os músculos vão se soltando e você se torna cada vez mais flexível justamente com o tempo e com a prática do Yoga. “Mas é importante entender que pessoas que convivem com contraturas musculares há algum tempo, por exemplo, não podem exigir de seus corpos as mesmas respostas que corpos que não passaram por isso terão. Conhecer e aceitar seu corpo devem ser os passos iniciais para uma boa prática.”
Através de uma combinação calculada de posturas, as chamadas ásanas, técnicas respiratórias, meditação e relaxamento, o Yoga leva ainda a um intenso estado de relaxamento. “Para isso, é preciso concentrar a atenção na respiração, tirar a atenção das inquietudes da mente e concentrar-se no momento presente o máximo possível. A princípio pode ser difícil, mas quanto mais usamos nosso corpo como uma forma de meditar, mais automática essa abstração se torna, e mais relaxados nos sentimos.”
Para todos os bolsos
Declarado Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, muitos se enganam ao pensar no Yoga como uma prática cara. Hoje, com o crescimento do número de praticantes, aulas coletivas já são oferecidas por academias. No caso da Wellness Sport Club, as aulas acontecem durante a semana, em horários que facilitam o encaixe na rotina.
Há, ainda, eventos que promovem aulas gratuitas em parques e espaços públicos da cidade. E para os curiosos, estão sempre disponíveis uma infinidade de aulas na própria internet. Mas é preciso cuidado: Teixeira adverte que, muitas vezes, os “alunos digitais” acabam fazendo as posturas da forma como entendem através do vídeo, o que nem sempre corresponde à forma correta de realizá-las.
Cuidados
“Para evitar lesões, é preciso entender que cada corpo possui uma constituição distinta”, relembra. “No YouTube você encontra vídeos que ensinam desde o nível iniciante até o mais avançado; é importante saber onde você está, e respeitar seus limites” Ter um professor acompanhando a prática, no entanto, é quase imprescindível. “Alguém com real conhecimento do Yoga e que esteja ali com você durante a prática faz toda a diferença, pois os erros acontecem e muitas vezes não percebemos sozinhos. Nesse momento é importante o olhar do outro!” O Yoga estimula e propõe que o praticante tenha sua prática pessoal sozinho; no entanto, antes de chegar neste ponto, é preciso desenvolver uma base sólida de aprendizado, finaliza o professor.