Trabalhei por muitos anos com hospitais e clínicas médicas para implementar e otimizar programas de cuidados relacionados a convênios médicos, começando por grupos de diagnósticos relacionados (DRGs na sigla em inglês), que pagaram por meio de “pacotes” os serviços prestados a pacientes crônicos. Gerenciei os cuidados a três gerações de pessoas da mesma família, em dois países e cinco estados norte-americanos. Trabalhei em inúmeros procedimentos de emergência.
E ainda assim, nunca experimentei um programa de cuidados médicos, verdadeiramente coordenado, até muito recentemente quando meu esposo passou por uma cirurgia no quadril.
Nós fizemos nossa parte. Ouvimos recomendações e conselhos de amigos e profissionais de saúde. Checamos as credenciais da equipe médica responsável pela cirurgia e pesquisamos o número de procedimentos deste tipo realizados por ano. Ouvimos, ainda, uma segunda opinião de um médico especialista conceituado. E nos certificamos de que tínhamos colhido as devidas referências do médico responsável pelos cuidados primários.
Depois de tudo isso, a clínica e o hospital assumiram o controle, e a experiência foi ótima.
Deixamos a consulta inicial com a data da cirurgia marcada e dentro de 24 horas estávamos conectados pelo app móvel desenvolvido para os pacientes, marcando a triagem pelo telefone e alinhando uma visita coordenada do time de profissionais envolvido no procedimento, para uma consulta pré-operatória. O hospital, localizado no estado da Virgínia (EUA), cuidou dos trâmites de pagamento antes de chegarmos, nos recebeu já na porta da unidade e me manteve – como a responsável da família por representar meu marido – completamente informada ao longo de todo o processo.
Ele iniciou uma fisioterapia apenas uma hora depois de chegar ao quarto do hospital. Antes de deixarmos o local, no dia seguinte, os responsáveis pelo home-care que teríamos em casa, no estado de Maryland (EUA), já haviam marcado as visitas iniciais para a recuperação do Gary, e o aplicativo de engajamento do paciente já informava ao meu marido quais exercícios iniciais ele deveria executar para a sua recuperação.
O melhor de tudo: não tivemos que coordenar nenhuma dessas etapas com a operadora de saúde que controla nosso convênio médico!
Então, o que poderia ser melhor? A informação tecnológica.
Todo processo na saúde representa uma oportunidade para pesquisa de campo. Neste caso, minhas observações iniciais indicam que os componentes humanos do processo de cuidados foram altamente colaborativos e coordenados, enquanto que a TI responsável por conectar hospital, médicos e nossa operadora de saúde – que pagou pelo procedimento – deixaram a desejar.
- Existem silos entre a integração de sistemas de informação dos hospitais. As mesmas questões foram feitas a nós inúmeras vezes, mesmo entre os profissionais responsáveis pelo cuidado pré-operatório, tudo isso em um pequeno consultório, com trânsito de poucos profissionais.
(Não, não estou falando de questões relacionadas à segurança do paciente, como a verificação de identidade das pessoas com acesso ao local)
- Claramente não haviam informações automatizadas para a troca de dados entre o Sistema utilizado pelo hospital e o sistema operado pela plataforma de home-care. Nós não checamos as informações técnicas que a equipe de home-care já tinha, mas sim auxiliamos com o fornecimento de informações básicas.
- A gestão dos pagamentos de todo o processo foi iniciada com uma referência ao cirurgião responsável pelo procedimento, mas o gerente de saúde não tinha visibilidade nenhuma sobre as informações prévias do meu marido e era preciso que disséssemos todo o histórico médico dele a cada nova conversa com a equipe.
A boa notícia é que o hospital e o médico com quem falei, responderam positivamente sobre o sistema de Prontuário Eletrônico do Paciente utilizado – todos fornecidos por parceiros de software da InterSystems. E a outra boa notícia é que com as trocas corretas de informação é possível coordenar uma experiência interessante aos pacientes que utilizam serviços de saúde.
Agora precisamos apenas que os computadores embarquem na mesma empreitada. Minha colega, Lynda Rowe, recentemente indicou que os pacotes de pagamentos dependem de dados e informações, então continuamos trabalhando neste detalhe, enquanto o Gary, meu marido, continua subindo e descendo escadas em seu processo de recuperação, com seu “bem-coordenado” quadril, novinho em folha!
Kathleen Aller é diretora de desenvolvimento de negócios para o HealthShare da InterSystems