A era digital chegou para ficar e as crianças passaram a ter mais interesse e mais acesso aos brinquedos eletrônicos como tablets, vídeo games e claro, os jogos de celular. Para explicar esse fenômeno e se ele pode ou não ser prejudicial, médicos do dr.consulta tiram as principais dúvidas sobre o assunto.
A coordenadora de pediatria Thamyres Neves conta que segundo a academia Americana de Pediatria (AAP), o contato precoce com telas pode acelerar o aparecimento de problemas de saúde. “Alguns sintomas de doenças oftalmológicas podem aparecer mais cedo em crianças que já apresentam predisposição. A lubrificação ocular também pode ser alterada, causando ressecamento, vermelhidão e prurido. Outro prejuízo é em relação aos contatos sociais e desenvolvimento da linguagem. As crianças de até 2 anos aprendem principalmente através da interação social, que é reduzida com o uso abusivo das tecnologias.” Esclarece, Thamyres.
Cláudio Leite, coordenador de psiquiatra do dr.consulta informa que a mistura entre tecnologia e atividades lúdicas trabalham as diversas funções cognitivas como atenção, cálculo, leitura, planejamento executivo e memória. “Durante a infância e adolescência, treinamos o nosso cérebro principalmente no que diz respeito às funções cognitivas. Esse treinamento tem que ser feito com atividades diversas, o importante é equilibrar, não deixar as crianças maiores ficarem totalmente envolvidas com tablets, por exemplo, nem proibir essas atividades 100%.”
O ideal é que bebês de até 18 meses não tenham nenhum contato e crianças de 2 a 5 anos limitem o acesso a uma hora diária e o uso dos métodos tecnológicos seja intercalados com momentos em que a criança vai estar envolvida em atividades lúdicas, em brincadeiras que envolvem por exemplo atividades manuais, pintura, escultura, brincadeiras e jogos típicos da infância, como brincadeiras de rua, que vão atuar de outras formas diversificando os estímulos que chegam ao cérebro.
“A tecnologia tem que ser utilizada como uma forma de desenvolvimento e aprimorar as capacidades cognitivas da criança e não como um método de escape. Percebemos que para deixar a criança calma em um ambiente público, como um restaurante, as pessoas entregam para a criança um tablet com jogos. Esse processo acalma temporariamente mas pode separar do restante que está acontecendo e isso deve ser evitado. Resumindo, tecnologia tem a sua utilidade mas é preciso dar limites, é preciso diversificar as atividades para termos o melhor neurodesenvolvimento possível”, acrescenta Leite.
Neves conta como criar atividades e experiências reais “Uma dica é montar espaços em casa livres das tecnologias, onde eles possam brincar, conversar, sem qualquer contato com aparelhos. Utilizar jogos com interação entre mais pessoas. A tecnologia, quando utilizada com moderação, sem que isso prive as crianças das demais brincadeiras e do convívio e contato social, veio para nos auxiliar de diversas maneiras. Lembrem também na hora das refeições, elas devem ser isentas de tecnologias, para que toda a atenção seja voltada a refeição.” afirma.