É com grande satisfação que temos observado um número cada vez maior de hospitais que buscam incorporar em sua estrutura o Serviço de Engenharia Clínica (SEC), afinal de contas, este é um indício de que o setor de saúde no Brasil está evoluindo e buscando as melhores práticas internacionais.
Outra constatação nossa é que se até então os hospitais que buscavam implantar SEC faziam por obrigação normativa ou de exigências certificadoras, agora o fazem por perceberem os ganhos financeiro e de qualidade que este serviço agrega (desde que tratado de forma estratégica).
Por esta mudança de percepção e expectativa do mercado, o profissional de Engenharia Clínica que antes se preocupava estritamente com a manutenção de equipamentos, hoje tem que desenvolver a sua expertise para a gestão de processos, controle de qualidade e análises técnico-financeiras.
EQUIPE INTERNA DE ENGENHARIA CLÍNICA:
Já ouviu o provérbio: “Em terra de cego, quem tem um olho é rei”? Pois é, essa é a posição do Engenheiro Clínico em uma instituição de saúde enquanto único conhecedor de sua área. Posição como essa, não se dá, por exemplo, para com um engenheiro de uma fábrica em meio a dezenas de outros engenheiros.
Acontece que (e desde já peço perdão pela franqueza em compartilhar esta constatação de forma nua e crua) muitas vezes nos hospitais não há senso para perceber quando há mediocridade no serviço de engenharia clínica. É como “terra de cego”.
Encontramos com o administrador daquele ou de outro hospital e ele diz: “Sim, sim, nós já temos engenharia clínica própria”. Mas com poucas perguntas percebemos que sua engenharia clínica passa longe de ser um pilar para área da inteligência hospitalar.
O fato é que quando um hospital decide implantar equipe própria de Engenharia Clínica, precisará ser capaz de vencer três importantes etapas:
- Contratar uma equipe capacitada e bem dimensionada quanto as demandas exigidas;
- Exigir que se gerencie as atividades operacionais com processos escritos e padronizados para garantir o nível de qualidade e;
- Implantar um software de controle, que permita registrar o inventário e histórico de eventos, que possa gerar os indicadores para gestão.
Vale enfatizar que a maior vantagem de ter uma equipe interna é que, depois de implantada, tem um custo fixo menor. Mas como este processo envolve alguns importantes desafios, muitos administradores hospitalares se veem desestimulados de seguir em frente com a internalização.
O principal desafio, como se pode imaginar, é mesmo o de conseguir selecionar e reter esta mão de obra tão especializada. Não existe formação especifica – pelo menos não de forma extensiva – sendo que a grande maioria dos profissionais técnicos experientes aprenderam com a prática.
E além disso, esses profissionais são bastante disputados no mercado o que gera um elevado Turnover.
Depois disso, há o desafio de desenvolver processos padronizados para o SEC, atividade essencial para garantir o nível de qualidade dos serviços e também uma exigência primária das entidades certificadoras.
Mas para uma equipe interna enxuta, assoberbada de solicitações urgentes do dia-a-dia, é muito difícil e até mesmo inviável conseguir parar por vários dias para desenvolver toda a documentação. E quando isto é conseguido, se dá ao custo de muitas horas extras e grande estresse.
Naturalmente que quando se terceiriza o SEC para uma empresa especializada, se espera que ela traga já todos os procedimentos em forma de uma Metodologia já amplamente testada e padronizada.
EQUIPE TERCEIRIZADA DE ENGENHARIA CLÍNICA
O principal objetivo de uma instituição que opta pela terceirização (ou outsourcing), é transferir para uma outra empresa ou responsável externo, atividades que não estejam ligadas ao corebusiness (atividade fim) da primeira.
A terceirização, portanto, permite concentrar a inteligência gerencial nas atividades principais do negócio. Que no caso das instituições médicas, são as atividades de promoção da saúde, com eficiência e sustentabilidade. Permite ainda transferir as responsabilidades trabalhistas e garantir a qualidade pela implantação de uma Metodologia já testada e padronizada em outros clientes da empresa.
Vale considerar que para empresa terceirizada de engenharia clínica, é muito mais fácil compensar a falta de formação dos profissionais do mercado com a capacitação interna de seus próprios funcionários, já que é especializada e focada nisso.
Pode ainda promover o intercâmbio de postos entre suas unidades clientes, reduzindo o impacto com o Turnover de cada equipe.
A diversidade de clientes também possibilita à empresa de engenharia clínica ratear recursos que um hospital individualmente não teria a viabilidade de investir, como por exemplo, completa gama de instrumentos analisadores e simuladores para a calibração dos equipamentos. Ou ainda, dispor de profissionais especialistas em determinadas tecnologias mais complexas.
Contudo, o principal problema de optar pela terceirização é a precificação da mão de obra.
Atualmente os encargos trabalhistas praticamente se equiparam ao montante que se paga de salário ao profissional contratado e ainda, ao se incluir neste custo os impostos, as provisões administrativas e a margem de lucro, o montante final repassado ao cliente pode custar 04 vezes o salário do profissional contratado.
Este problema assola as duas partes envolvidas, considerando que ambas são pressionadas pelos custos.
MAS EXISTE OUTRA OPÇÃO?
Qual seria então o melhor dos dois mundos? Quero dizer, como contar com toda expertise, o background de uma empresa especializada, sem que os custos trabalhistas multiplicados pela alta carga tributária impacte significativamente nos custos do Serviço de Engenharia Clínica?
A resposta está na operação MISTA (ou híbrida).
Como a maior parte da composição dos custos de um setor de engenharia clínica está na mão de obra, passa a valer a pena transferir ao terceiro somente a “inteligência” do serviço. Desde que o terceiro tenha uma Metodologia baseada em processos padronizados, tenha consultores experientes disponíveis e uma infraestrutura robusta por trás.
Nesta modalidade, a contratação da equipe de profissionais técnicos alocados,
fica a cargo do próprio hospital. Entretanto, toda a seleção do pessoal, seu treinamento, a implantação de metodologia de qualidade padronizada, enfim, a gestão mesmo do setor, fica a cargo da empresa terceirizada.
A modalidade mista de Engenharia Clínica resulta em custos finais de operação que em média são 30% ou 40% menores que na terceirização, mas com a garantia de que será obtido um serviço de qualidade em tempo muito inferior se comparado com o que precisaria uma equipe própria desassistida.
Na EquipaCare não somente ofertamos a modalidade mista (ou híbrida), quanto esta se tornou nossa modalidade de SEC mais vendida.
Com essa motivação, aperfeiçoamos nossa Metodologia em forma de um Manual de Qualidade que é quase um franchising em termos de detalhes padronizados, implementamos nosso software de gestão para dar suporte ferramental à todos esses processos, e ainda criamos um setor de Gestão de Qualidade para padronizar as operações de todos os SECs da modalidade mista, tal qual fossem terceirizados conosco.
*artigo escrito por Guilherme Xavier é Presidente da EquipaCare Engenharia e Diretor da Regional Rio da ABEClin – Associação Brasileira de Engenharia Clínica