O Registro Médico Eletrônico (Eletronic Medical Record – EMR), implementado pela GE para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, alcançou a marca de 1.540 exames de diagnóstico por imagem realizados na Policlínica da Vila dos Atletas e nas áreas de atendimento emergencial das arenas Olímpicas, sendo 893 de ressonân
cia magnética, 178 ultrassons e 469 raios-x. Esses números foram registrados entre os dias 22 de julho e 24 de agosto, quando a Policlínica encerrou as operações para os Jogos Olímpicos. A implementação desse sistema é um acordo inédito entre a multinacional e o Comitê Olímpico Internacional (COI).
O Portal Health-IT conversou com diretor de Healthcare IT da GE para América Latina, Paulo Banevicius, para saber mais detalhes sobre o sistema e o legado deixado pela GE após os jogos de 2016. Confira.
Health-IT – Como foi o processo de implementação da tecnologia EMR?
Paulo Banevicius – O EMR é um registro eletrônico de todos os dados médicos dos atletas, que unifica informações de atendimento em uma mesma plataforma, com análises da evolução das condições físicas dos atletas. Pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos um software como esse está disponível para todos os competidores.
Por meio da tecnologia é possível controlar e analisar em tempo real todas as interações médicas dos atletas, como exames de imagem, medicação e consultas. As informações disponibilizadas pelo sistema digital ajudam a garantir que os médicos tenham acesso imediato ao histórico dos atletas e, com isso, estejam aptos a tomar decisões rápidas para que o atleta alcance o melhor resultado nos Jogos.
A ferramenta também possibilita que sejam feitas análises preditivas dos atletas, o que colabora para que haja uma avaliação evolutiva das condições físicas dos atletas, até mesmo para edições futuras dos Jogos. Com isso, é possível não só oferecer um atendimento mais rápido e assertivo nas competições, mas também contribuir para o acompanhamento da performance dos atletas a médio e longo prazo.
O EMR, que está sendo usado nessa edição Olímpica, foi desenvolvido primeiramente para o Comitê Olímpico dos Estados Unidos (USOC) com resultados positivos durante os jogos de Londres 2012 e Sochi 2014. Um dos exemplos de sua aplicação foi nos Jogos Paralímpicos de Sochi 2014, onde um atleta com lesão medular causada por uma queda de esqui na neve, que comprometeu sua capacidade de respiração e, por meio dos dados dele que estavam no registro eletrônico, foi possível verificar que ele tinha alergias, que influenciariam o seu tratamento, além de saber a quantidade exata de anticoagulantes que ele já tinha ingerido.
Health-IT – A Policlínica Olímpica é algum tipo de projeto piloto da GE Healthcare para essa tecnologia?
Paulo Banevicius – Não se trata de um projeto piloto, mas sim, de uma parceria entre a GE e o Comitê Olímpico Internacional (COI). Como a tecnologia já tinha sido desenvolvida, inicialmente, para o Comitê Olímpico dos Estados Unidos (USOC) e trouxe importantes resultados para os atletas americanos nos Jogos de Londres, em 2012, foi proposta uma nova versão, adaptada para atender não só os atletas da maior competição esportiva do mundo, como também a família olímpica.
Entre os bons resultados do EMR vistas pelo Dr. Bill Mureau, diretor de Medicina Esportiva do USOC, destacam-se a qualidade das informações, as análises e respostas rápidas, além da possibilidade de gerenciar a saúde do atleta, evitando procedimentos desnecessários. Ainda acordo com o Comitê Olímpico dos Estados Unidos (USOC), o time feminino de luta olímpica reduziu em 60% o número de cirurgias (que eram feitas devido a lesões no ombro) depois da implantação do EMR. Esta redução pode ser atribuída à habilidade do sistema de transformar dados em conhecimento e identificar padrões de causas para que mudanças nos treinos fossem realizadas, além de tratamentos adequados.
Health-IT – Pensando na atual situação da saúde no país, O EMR deverá entrar no mercado em breve?
Paulo Banevicius – Como mencionado nas questões acima, o EMR foi um acordo firmado pela GE e o COI e que disponibiliza essa tecnologia durante os Jogos. Mas a tendência é que a Internet Industrial, ou seja, a comunicação entre máquinas e pessoas, seja cada vez mais essencial para eliminar novos e antigos gargalos e identificar oportunidades. E essa internet industrial e a conectividade deverão ser cada vez mais aplicadas no mercado da saúde, principalmente pelo momento econômico desafiador que o País enfrenta. Reduzir custos, aumentar a produtividade, melhorar a qualidade de procedimentos e utilizar dados de maneira estratégica devem ser o foco das instituições de saúde. A ideia é que cada vez mais as instituições de saúde invistam em soluções que coletem e analisem informações diversas, a fim de oferecer mais inteligência a gestão da saúde, como o EMR. O objetivo é poder não apenas agilizar as operações no presente, mas também prever tendências, padrões e desafios futuros, para que haja uma rápida solução, ofertando um sistema de saúde ágil e de qualidade.
Health-IT – Para a GE, qual a importância em participar de um projeto desse tipo durante as Olimpíadas?
Paulo Banevicius – A GE trabalhou em conjunto com o COI e os Comitês locais de Organização para oferecer soluções de infraestrutura de classe mundial. Podemos dizer que os Jogos são uma vitrine tecnológica, principalmente porque proporcionam uma oportunidade única para mostrar as tecnologias da GE, os serviços inovadores e por possibilitar que os públicos de interesse da empresa tenham visibilidade da gama de soluções oferecidas.
Health-IT – Podemos afirmar que o EMR é um dos maiores legados da GE na área da saúde para as Olimpíadas?
Paulo Banevicius – O EMR foi adaptado especialmente para atender aos Jogos Rio 2016.
Já sobre o legado da GE, a companhia oficializou nessa semana o seu legacy gift para o Rio de Janeiro, com tecnologias da GE, pensado para beneficiar a população, a cidade e também seus visitantes. Para a companhia, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos é uma grande chance para iniciar as comemorações do seu centenário no País.
A GE espera melhorar o cuidado com a saúde da população e evoluir a iluminação pública em áreas de grande movimento. O primeiro presente envolveu 24 equipamentos médicos de diagnóstico por imagem e soluções de IT da GE Healthcare para o Hospital Municipal Souza Aguiar, uma das maiores unidades de emergência da América Latina e principal hospital de trauma da cidade do Rio de Janeiro. As áreas mais beneficiadas foram o Centro Cirúrgico e de Medicina Diagnóstica, possibilitando com que mais pacientes sejam atendidos pela instituição, que normalmente realiza 600 cirurgias por mês.
As doações para o Hospital Souza Aguiar consistem em quatro arcos cirúrgicos, seis equipamentos de anestesia, quatro aparelhos de Raio X, um equipamento de tomografia e dois ultrassons. Além disso, a GE Healthcare disponibilizou dois sistemas de Healthcare IT e treinamentos aos especialistas do hospital que irão utilizar os equipamentos.
Mais do que equipamentos de última geração, o Souza Aguiar recebe também um sistema digital de imagens que possibilitará o arquivamento de imagens por mais de três anos, agilizando o atendimento e auxiliando na produção de uma análise evolutiva da saúde dos pacientes.
Importante reforçar que o local contava com apenas três arcos cirúrgicos (aparelho de raios X que fornece imagens em tempo real) para atender suas nove salas de cirurgia. Após receber o legado olímpico, passa a contar com mais quatro. Com os novos arcos, o Hospital ampliará em 100% sua capacidade para cirurgias minimamente invasivas.