O bilionário por trás da fabricante de veículos elétricos Tesla e da empresa de viagens espaciais SpaceX, Elon Musk, tem mais um projeto ambicioso em suas mãos. Musk está apoiando uma nova empresa chamada Neuralink, que possui um objetivo peculiar, ampliar a capacidade cerebral ligando-o a computadores. Em resumo, tornar a espécie humana mais capaz de competir com os avanços da inteligência artificial.
O projeto ainda está em fase inicial, conforme relatou o Wall Street Journal, mas o objetivo é evoluir radicalmente a interface cérebro-máquina, trazendo diversos benefícios, incluindo a melhoria das capacidades de memória e uma interação mais direta com dispositivos.
A ideia de transformar humanos em ciborgues foi mencionada por Musk durante uma conferência realizada em fevereiro deste ano, proporcionando uma conexão mais direta com computadores, mesclando a inteligência biológica com a inteligência digital.
O principal argumento usado pelo fundador da Tesla e da SpaceX gira em torno dos limites de poder de processamento e velocidades de transferência de informações. Ou seja, computadores conseguem engolir, transferir e processar gigabytes inteiros por segundo, ou até terabytes, e suas capacidades só tendem a aumentar com o passar dos anos. Enquanto isso, os seres humanos estão limitados a formas arcaicas de input e output, como falar, digitar, ler e ouvir, que são extremamente lentas, com apenas alguns bits por segundo.
Uma das propostas mencionadas na ocasião por Musk incluía um computador ligado ao cérebro com uma alta largura de banda, embora ele não especifique como isso seria feito. Atualmente, já existem tecnologias capazes de realizar a interface entre cérebro e máquinas que utilizam eletroencefalogramas, mas elas são lentas e pouco confiáveis e, provavelmente, não têm nada a ver com o que Musk tem em mente. Para chegar ao ponto proposto por ele, seria necessário ampliar profundamente o conhecimento que existe sobre o cérebro. O fato de serem precisos voluntários dispostos a receber um chip dentro do crânio também não ajuda parece colaborar muito com a evolução do projeto.
Outro grande desafio do projeto é avançar pesquisas ligadas à neurociência, que servirá como base para tais avanços. Em entrevista ao site The Verge, Bryan Johnson, criador da empresa Kernel, que tem como objetivo evoluir a cognição humana por meio da tecnologia, e que também está envolvido no projeto de Musk e da Neuralink, contou que implantes cerebrais já são usados para liberar sinais elétricos para amenizar o efeito do Mal de Parkinson. “A técnica já é usada para tratar dores de coluna, obesidade, anorexia… o que não foi feito é a leitura e gravação do código neural”, ele contou. Para chegar lá, ele assume que seria necessário criar novas técnicas de cirurgia, avançar o software e desenvolver implantes que sejam acessíveis ao nível do consumidor, e não apenas protótipos caríssimos.
Fontes: Wall Street Journal e The Verge