Apesar de ser ainda desconhecida pelos brasileiros e cercada de dúvidas, a Medicina Nuclear existe há mais de 60 anos – tem crescido no Brasil – e tem papel fundamental no diagnóstico e tratamento de doenças como o câncer, problemas cardíacos e neurológicos, entre outros. É estimado que no último ano, o mercado global de medicamentos nucleares girou em torno de US$ 5,500 milhões, e projeta-se um crescimento de 5,6%, atingindo US$ 8,050 milhões até 2020. Os medicamentos utilizados para diagnóstico correspondem a 98% do total dos procedimentos.
Muitas pessoas temem a Medicina Nuclear, pela associação com a radioatividade, mas esta é uma especialidade que utiliza material radioativo em baixíssimas quantidades para a detecção de alterações das funções do organismo acometidos por alguma enfermidade e para o tratamento.
O principal diferencial está na avaliação do funcionamento dos diversos órgãos em tempo real e não apenas a anatomia deles – como os exames mais comuns. A cintilografia e a tomografia por emissão de pósitrons (também conhecida como PET/CT, na sigla em inglês) – exame capaz de realizar um mapeamento metabólico do corpo e captar imagens anatômicas de altíssima resolução, com reconstrução tridimensional, localizando com exatidão nódulos, lesões tumorais e inúmeras outras condições clínicas – são os procedimentos mais comuns.
Considerando apenas os diagnósticos em Medicina Nuclear, cerca de 93% do mercado brasileiro é de cintilografias, com aproximadamente de 1,6 milhão de procedimentos anuais, além de 96 mil PETs.
Diagnosticar com rapidez e exatidão significa aumentar as chances de um tratamento localizado e eficaz, o que diminui os efeitos colaterais e aumenta as possibilidades de cura. A medicina Nuclear também consegue avaliar a resposta ao tratamento e mudar a conduta, se necessário.
Uma boa notícia é que a Medicina Nuclear não é mais exclusividade dos grandes hospitais. Os exames e tratamentos podem ser realizados em clínicas especializadas que garantem toda a infraestrutura e tecnologia necessária, sem expor o paciente ao ambiente hospitalar, onde ele corre o risco de contrair outras doenças. Centros de excelência para diagnóstico e tratamento mais preciso de doenças como câncer e problemas cardíacos fora do ambiente hospitalar estão presentes em todo o país.
Quase todos os procedimentos estão no ROL da Agência Nacional de Saúde Suplementar, ANS, e são cobertos pelos planos de saúde.
*Artigo de autoria de George Barberio Coura Filho é médico nuclear, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear e responsável clínico da DIMEN SP. Possui graduação em Medicina pela Universidade de São Paulo (2003) e residência médica em Medicina Nuclear pela Universidade de São Paulo (2008). Tem experiência na área de Medicina Nuclear, com ênfase em Oncologia, atuando com PET-CT, SPECT-CT e Terapias com Radioisótopos. Trabalhou como preceptor da residência de Medicina Nuclear do HC-FMUSP de 2008 a 2010. Atualmente é médico assistente da Medicina Nuclear do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), e doutorando em ciências do programa de Radiologia da Universidade de São Paulo (USP).