Ciclo de palestras promovido pelo SINDIHOSPA tratou, entre outras questões, de alternativas para pacientes com longa permanência
O público lotou o auditório do Hotel Sheraton, nesta quinta-feira (8), para acompanhar a segunda edição da Jornada de Hotelaria Hospitalar do Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (SINDIHOSPA). O ciclo de palestras sobre formação e melhores práticas reuniu profissionais de referência na área.
Um dos principais temas debatidos foi a desospitalização de pacientes de longa permanência. “Esse é um processo que deve começar logo após a internação”, defendeu Elide Gindro Zordan, do Hospital Sírio Libanês (SP). “O planejamento da alta deve ser uma preocupação de toda a instituição, e não apenas de uma equipe que atua isolada na gestão de leitos”, disse.
Segundo ela, a eficiência no serviço depende de uma estrutura completa de atendimento, que leve em conta o destino do paciente após a alta hospitalar. É nesse ponto que entra a negociação com as operadoras para os serviços de home care e a interface com as Instituições de Longa Permanência (ILPIs). “A pessoa se sentirá segura quando tiver esse suporte e entender, assim como a sua família e os médicos, que o hospital não é o melhor lugar para ele ficar”.
O debate seguiu com Marco Fossati, da Hospitalar ATS, de Porto Alegre. Ele apresentou uma análise estrutural do tema, com base em indicativos demográficos e epidemiológicos da população brasileira. “O sistema hospitalocêntrico está falido”, afirmou. Para ele, é preciso ampliar o investimento em um modelo integrado de gestão que envolva médicos, familiares, fontes pagadoras e prestadores.
“Costuma-se dizer que saúde não tem preço. Mas ela tem um custo. E alguém tem de pagar”, disse Fossati. Encaminhamentos para ambulatórios, clínicas de transição e retaguarda, atendimento domiciliar e hospedagem com saúde assistida para idosos são alternativas apontadas pelo médico para reduzir a longa permanência. “A desospitalização segura e efetiva deve ser estratégica para a instituição”, concluiu.
Henri Siegert Chazan, presidente do SINDIHOSPA, acredita que essa troca de ideias indica rumos para a capacitação e melhorias de práticas não apenas para hospitais, mas também para outros segmentos do setor da saúde. “A hotelaria hospitalar não se resume ao bem-estar do paciente. Trata da viabilidade de atendimento do sistema. E isso tem impacto direto nos residenciais geriátricos, por exemplo, que são tão importantes nessa cadeia”, avaliou.
Inovação e tecnologia, gerenciamento de enxoval, serviços de capacitação e inteligência emocional foram outros assuntos abordados na 2ª Jornada de Hotelaria Hospitalar. Profissionais de instituições de saúde da capital gaúcha – como os hospitais Divina Providência, Santa Casa, Moinhos de Vento, Mãe de Deus, Instituto de Cardiologia e Hospital de Clínicas – também integraram a programação do evento.