A fabricante de processadores ARM anunciou na última semana uma parceria com o Centro de Engenharia Neural Sensorimotora da Universidade de Washington para desenvolver processadores que poderão ser implantados no cérebro humano. O objetivo da multinacional é criar um sistema capaz de auxiliar pessoas vítimas de paralisia ou de doenças neurodegenerativas.
O processador funcionará como uma interface bidirecional cérebro-computador (BBCI), ou seja, ele irá traduzir as informações enviadas do cérebro para outras partes do sistema nervoso e, futuramente, traduzir as informações que o sistema nervoso recebe para o cérebro.
Os pesquisadores, responsdáveis pelo projeto, pretendem estabelecer essas linhas de comunicação pareando o chip a atuadores implantados na espinha dorsal dos pacientes. O material captará os estímulos que o cérebro envia para movimentar determinado músculo e os traduzirá para o atuador, que então realizará o movimento. Pessoas que sofreram danos à coluna vertebral e perderam os movimentos, ou usuários de próteses mecânicas, por exemplo, poderiam recuperar movimentos ou ter mais autonomia.
Algumas cientistas sugerem que esse tipo de resposta sensorial pode, em longo prazo, auxiliar o sistema nervoso a se regenerar, devolvendo os movimentos e a sensação aos pacientes. Isso permitiria que o processador também fosse benéfico para pessoas que perderam os movimentos em decorrência de uma doença degenerativa, como Parkinson, ou AVCs.
Hardware para humanos
Em entrevista para BBC, o diretor de tecnologias para a saúde da ARM,Peter Ferguson, afirmopu que produzir um dispositivo como esse, implantado no cérebro humano, apresenta uma série de desafios. “O problema é o consumo de energia e o calor que ele pode gerar. O chip precisa ser algo ultra-pequeno e ultra-econômico”, explica o executivo ao justificr que, após implantado seria praticamente impossível realizar algum tipo de manutenção ou carregar sua bateria. Além disso, o calor emitido pelo processador pode também danificar a área do cérebro aonde ele estiver.
Por esses motivos, a ARM pretende desenvolver o processador com base no Cortex M0 – o menor chips produzido pela empresa. Ainda segundo informações, já existem alguns protótipos em teste, mas o produto final ainda está muito longe de ser atingido. A ARM espera que o ponto em que os processadores serão capazes de traduzir de volta ao paciente as informações sensoriais recebidas por seu sistema nervoso chegue em cerca de dez anos.