A sepse é considerada a doença que mais mata dentro das unidades de terapia intensiva em todo o mundo. Esses números vem aumentando consideravelmente, e o impacto não se resume somente na qualidade assistencial ou na segurança do paciente, mas também nos custos de operação das unidades de tratamento intensivo.
De acordo com uma publicação do Instituto Latino Americano para Estudos de Sepse (ILAS) de 2015 – Sepse um problema de saúde pública – a projeção destes números sugere que pacientes com infecção generalizada são responsáveis por cerca de 40% do custo total das UTIS. No Brasil, o gasto hospitalar com cuidados a esses pacientes foi de U$ 10.595, com um gasto diário médio de U$ 1.028. No mundo, estima-se que os custos com esses pacientes atinjam a marca de 1,3 trilhão de dólares todos os anos.
Diante desse desafio, o coordenador da UTI adulta do Hospital Sepaco, Eduardo Pacheco, decidiu trazer a TI para seu lado com o objetivo de reduzir os índices de sepse e melhorar a eficiência assistencial a unidade de terapia intensiva da instituição. O case foi apresentado durante a primeira edição do Connected Hospita, promovido pela South America Health Exhibition (SAHE), no dia 15 de março, em São Paulo.
Pacheco conta que foram criadas aplicações dentro dos sistemas de informação do hospital que alertavam as equipes do corpo clínico para possíveis alterações no quadro do paciente ao ser monitorado, indicando possível quadro de sepse. “Outra medida foi a implantação de uma mensagem dentro dos sistemas de gestão clínica alertando médicos e enfermeiros quando há um quadro de sepse. Essa notificação é enviada aos responsáveis pela assistência para o protocolo de sepse.”
Além das aplicações desenvolvidas, um roteiro de tratamento implantado também auxiliou as equipes a proporcionar um melhor atendimento ao paciente. Outro protocolo atribuído ao Tasy, sistema utilizado pela entidade e desenvolvido pela Philips, foi uma “prescrição protocolo” que recebe um fluxo totalmente diferenciado, priorizando o paciente com sepse para a realização de exames e procedimentos.
Na área da farmácia, foi desenvolvida uma tela específica para o protocolo de sepse para que a unidade saiba que um determinado antibiótico para tratamento possa ser dispensado com urgência. “Nada disso seria eficaz se as pessoas não fossem adequadamente gerenciadas. Para isso a TI desenvolveu uma aplicação que gera relatórios de desempenho clinico dos pacientes e oferecendo uma melhor gestão clinica”, conta o coordenador.
No primeiro mês de implementação, em 2013, o hospital registrou 13 casos de sepse. Um ano depois esse número subiu para 150 fichas de sepse, mostrando o engajamento da equipe em registrar os casos e mapear as melhores estratégias para o combate da infecção. “Após a implementação dos protocolos e aplicações ao sistema, os programas de educação e o monitoramento adequado para o número de fichas que deveriam ser abertas e não foram começaram a cair significativamente, chegando para uma média de uma ficha por mês”, acrescenta Pacheco.
O desempenho na gestão de sepse do Sepaco melhorou significativamente e a taxa de mortalidade ficou em 20%, melhorando o desfecho dos pacientes. “Nossa meta é de 15%, pois é possível chegar a esse número”, finaliza Pacheco.