*POR CARLOS EDUARDO NOGUEIRA
O envelhecimento da população combinado com o aumento de doenças crônicas está criando uma pressão implacável nos sistemas de saúde globais, especialmente quando as expectativas dos usuários têm aumentado. Para resolver este problema, diferentes países ao redor do mundo têm procurado explorar a tecnologia da informação para ajudá-los a inovar os cuidados de saúde.
No Brasil, essa pressão também está sendo sentida principalmente nas últimas décadas. Pesquisas de mercado mostram que a saúde brasileira tem altos custos, com um gasto médio que já ultrapassa meio trilhão de reais por ano – número que nos coloca no topo do ranking das maiores inflações médicas do mundo. Ao mesmo tempo, os brasileiros estão cada vez mais exigentes. Um estudo encomendado pelo Conselho Federal de Medicina (CMF) revela que 93% da população do país considera péssima, ruim ou regular a qualidade dos serviços de saúde públicos e privados oferecidos.
O cenário é realmente preocupante e se não houver mudanças, tudo indica que num futuro bem próximo, a saúde no Brasil sofrerá um verdadeiro colapso.
A reversão desse quadro requer uma mudança de paradigma no modelo como a saúde vem sendo tratada, e, neste sentido, uma estratégia bem elaborada que assegure o acesso e a disponibilidade de informações de qualidade em todos os níveis de atenção de cuidados: primários, secundários e terciários, é crucial para projetar sistemas de saúde públicos e privados sustentáveis para o futuro.
Sem dúvida, para os profissionais da área de saúde, o investimento em Tecnologia da Informação, será o impulso para essa mudança. A TI pode viabilizar uma melhor tomada de decisão em tempo real, pois, a partir dela, é possível obter informações clínicas consolidadas, que servirão como pilar para uma série de benefícios, entre eles tornar o paciente o centro das atenções. Essa consolidação de dados se inicia com a migração das informações clínicas registradas em papel para sistemas informatizados, tornando o histórico de saúde on-line e disponível para ser consultado por todos os envolvidos no tratamento, tanto paciente, quanto equipe médica e gestores do Governo e de organizações de saúde privadas.
Um exemplo de como essas informações capturadas e compartilhadas podem ser úteis é em relação à epidemia que estamos vivendo das doenças causadas pelo Aedes aegypti, transmissor de dengue, febre amarela, chikungunya e zika vírus. As informações digitais podem possibilitar ao Governo um rastreamento mais preciso dos pontos focais da epidemia, e, assim, contribuir para que medidas preventivas nos locais mais atingidos, como limpeza de bairros, monitoramento mais agressivo de agentes de saúde em determinadas regiões, etc., sejam traçadas de forma mais rápida.
A tecnologia viabiliza uma mudança na prestação dos cuidados, proporcionando um melhor atendimento aos pacientes e uma maior competitividade aos prestadores, que poderão reduzir seus custos, ao mesmo tempo em que melhoram seus serviços.
*Carlos Eduardo Nogueira é Diretor Geral da InterSystems para América Latina.