Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, conseguiu reprogramar células humanas para realizarem tarefas diferentes das que originalmente fariam. O estudo, publicado na última semana no periódico Nature Biotechnology, mostra como o time de cientistas conseguiu dar ordens lógicas para as células humanas, transformando-as em microrrobôs.
Essa não é a primeira vez que uma técnica desse tipo é colocada em prática. De acordo com o Engadget, “anteriormente, cientistas já haviam conseguido ‘programar’ bactérias Escherichia coli. No entanto, o processo para manipular células humanas é mais complexo”. Mesmo assim, os pesquisadores conseguiram fazer células renais executarem cerca de cem comandos diferentes.
Para fazer essas células se comportarem da maneira planejada, a equipe, liderada por Wilson Wong, usou uma enzima chamada de DNA recombinante. Essa enzima é capaz de reconhecer dois “pedaços” de código genético, cortar tudo que estiver entre os dois e ligá-los novamente. Com isso, os pesquisadores conseguiram editar o DNA das células dando a elas funções programadas.
Com esse método, segundo a Science, os cientistas foram capazes de criar 113 diferentes circuitos lógicos para as células – desse total, 109 foram testados com sucesso. Esses circuitos dão às células uma série de capacidades diferentes, como por exemplo, se iluminar na presença (ou ausência) de determinada substância, para facilitar o diagnóstico de determinadas doenças.
Iluminar uma célula é apenas uma das possibilidades que essa técnica proporciona. Como a Wired mencionou, os “circuitos genéticos” podem ser usados até para terapias contra o câncer. A empresa americana Juno Therapeutics, por exemplo, vem testando o uso desse método para criar células imunológicas que sejam capazes de detectar e combater tumores com mais precisão. Por meio dessa programação genética, é possível fazer com que as células ataquem na presença de determinadas proteínas que apenas os tumores liberam.
A aplicação dessa técnica em larga escala ainda levará algum tempo, uma vez que ainda há uma série de problemas a se resolver. Algumas células, por exemplo, sofrem mutações ao se dividir, essas mutações fazem com que suas modificações genéticas parem de funcionar. Além disso, algumas “instruções” do DNA das células aparecem mais de uma vez; por isso, simplesmente “desativar” um pedaço do DNA nem sempre funciona.