Uma nova técnica para produzir células com capacidade de secreção de insulina foi apresentada ontem no encontro da Sociedade Europeia de Endocrinologia Pediátrica. O desenvolvimento da tecnologia poderá ser usada em pacientes com diabetes, apenas do tipo 1.
Com a doença, o sistema imunológico ataca e destrói erroneamente células beta do pâncreas, que são as responsáveis pela produção, armazenamento e secreção de glicose no sangue. Uma das terapias mais promissoras na luta contra a diabetes é a reposição destas células.
Até agora, os experimentos eram baseados em células de linhagem primitiva, como as células-tronco — destaca Isabela Bussade, professora de Pós-Graduação de Endocrinologia da PUC-Rio, que não participou do novo trabalho. — A novidade do estudo europeu é a reposição com uso exclusivo de células adultas, que proporcionam mais segurança, inclusive contra doenças como o câncer.
REPROGRAMAÇÃO CELULAR
Autor-chefe da pesquisa, Philippe Lusy também destaca a criação de um protocolo que atua diretamente sobre o DNA das células, mas sem causar mudanças estruturais nas áreas estudadas.
Nosso sistema de reprogramação celular abre portas para experimentos em outros campos científicos, empenhados em dar novos papéis às células prejudicadas após a apresentação de doenças — comemora.
A tecnologia teria aplicação, por exemplo, em terapias para hipotireoidismo e doença de ovário. Estima-se que até um terço da população mundial seja diabética, embora somente 16% conheçam o seu diagnóstico. Um em cada dez casos é de diabetes tipo 1, cuja maior prevalência ocorre nos primeiros 20 anos de vida. Nas outras ocorrências de diabetes, o paciente é capaz de produzir insulina.
“Antes da aplicação do experimento no ser humano, é preciso acompanhar ao longo de anos as células que são transformadas em nosso corpo. Por enquanto, o experimento está restrito a camundongos”, ressalta Isabela.