A importância da cultura de compliance para a redução dos custos e otimização dos investimentos nas instituições hospitalares brasileiras foi destaque na palestra de Denise Santos, CEO da Beneficência Portuguesa de São Paulo, durante a abertura do pré-congresso da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), na última quarta-feira (16/11), no WTC, em São Paulo.
Denise Santos, que também é presidente do Comitê Estratégico de Compliance da Anahp, ressalta que os gestores hospitalares devem adotar uma postura ética, assim como os colaboradores e demais stakeholders de toda a cadeia do setor também são fundamentais no processo. “Para que possamos dar um passo importante na evolução do compliance nas organizações é preciso entender onde estamos. A partir disto, podemos traçar um plano evolutivo destes conceitos e ajudar os hospitais da Anahp a buscar a excelência neste quesito”, ressalta Denise.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, apenas nos países desenvolvidos, os governos gastem de US$ 12 bilhões a US$ 23 bilhões por ano com desperdício de recursos. Na Europa, a situação não é diferente. Dados da Rede Europeia para a Fraude e Corrupção na Saúde demonstram que dos US$ 5,3 trilhões das despesas globais em saúde, aproximadamente US$ 300 bilhões são perdidos para os erros e para a corrupção.
Os danos causados por condutas antiéticas afetam toda a cadeia produtiva do setor de saúde, desde fornecedores, prestadores de serviços, operadoras de planos, seguradoras e, principalmente, o paciente final, que acaba sendo o maior prejudicado. Assim, é primordial que a cultura do compliance seja adotada nas instituições hospitalares brasileiras para fortalecer um ambiente sustentável no setor em meio à crescente demanda e recursos limitados para investimentos.
O excesso de confiança e uma conduta corporativa acomodada que negligencia riscos podem não só afetar a reputação de um hospital, mas até levá-lo à falência. “A fonte de valor das empresas mudou significativamente nos últimos 30 anos e, com isso, os riscos aumentaram. Hoje, os ativos intangíveis como capital humano, modelo de negócio e ética praticada, impactam diretamente na imagem e no sucesso de organização”, salienta Denise Santos.
Melhores práticas
Um dos bens intangíveis de uma instituição hospitalar são os processos adotados pela instituição que resultam em melhorias e impactam diretamente no atendimento ao paciente. Por isso, durante o congresso foi lançado o livro Organização Assistencial – Melhores Práticas Entre as Instituições Anahp, que reúne os 40 cases mais relevantes de implementação desses processos.
Intitulado Melhora no Processo de Controle de Antimicrobianos, o trabalho desenvolvido na Beneficência Portuguesa de São Paulo é um dos cases apresentados no livro. “O uso racional de antimicrobianos garante a segurança dos pacientes e contribui para a redução dos custos hospitalares. Por isso, o trabalho desenvolvido é tão importante e pode servir de modelo para outras instituições”, ressalta Maria Lúcia Biancalana, infectologista do Hospital São José, unidade hospitalar da Beneficência Portuguesa de São Paulo, e uma das autoras do trabalho.