Há quatro décadas, o Centro Infantil Boldrini se dedica à prestação de serviços de saúde voltados para a criança e o adolescente e suporte às famílias dos pacientes. Com a Dra. Silvia Brandalise na linha de frente, o Boldrini é considerado referência na América Latina no tratamento de doenças onco-hematológicas, pesquisa científicas e formação acadêmica. Atualmente, cerca de 70 a 80% dos pacientes oncológicos da instituição são curados – índices que equivalem aos dos países desenvolvidos.
Os números e conquistas impressionam. Ao longo de sua história, o Boldrini já atendeu 30 mil pacientes encaminhados com a suspeita ou o diagnóstico de câncer (média de 750 novos casos por ano). Destes, 10 mil continuam em acompanhamento.
Considerando os tratamentos de tumores malignos, foram 8 mil casos, dos quais 6 mil alcançaram a cura.
Entre os destaques da atuação do hospital, está sua liderança no GBTLI (Grupo Brasileiro de Tratamento de Leucemia Linfoide Aguda da Criança). O Boldrini fundou o Grupo em 1979 e, desde então, coordenou seus estudos clínicos prospectivos em leucemia (LLA-80, LLA-82, LLA-85, LLA-93, LLA-99 e LLA-2009), desenvolvidos em diversas instituições do país.
Para se ter uma ideia, em 1978, as chances de cura da LLA estavam em torno de 5%. Com o estudo clínica LLA-80, as chances de cura resultaram em 30%, acrescendo progressivamente, nos estudos subsequentes, para 70-80%. É notável que a atuação e liderança do Boldrini estimulou e propiciou, em nível nacional, a capacitação e treinamento de profissionais de diferentes estados, nas novas tecnologias de diagnóstico e leucemia da criança.
Atualmente, o Boldrini é o único representante do Brasil em Estudo Epidemiológico sobre o Câncer da Criança, a convite do ICCCC (International Chilhood Cancer Cohort Consortium)/WHO, para, ao lado de diversos outros países, buscar fatores relacionados ao desenvolvimento do câncer na criança.
Para alcançar esse patamar, trabalham nas instalações do hospital (que tem 130 mil metros quadrados de área), 75 médicos, 684 profissionais multidisciplinares e cerca de 500 voluntários.
A complexa estrutura do Boldrini destaca-se não só pela alta tecnologia dos laboratórios de hematologia, genética e biologia molecular, dos serviços de imagem, de radioterapia, quimioterapia, e reabilitação, mas pela atenção e cuidado com que foi construída, sempre pensando no bem-estar dos pacientes. Os 77 leitos da internação constituem modelo arquitetônico modulado e funcional, que privilegia o conforto dos pacientes e acompanhantes. Cada unidade da internação possui nove quartos com banheiro privativo tanto para paciente quanto para o acompanhante, dispostos de forma circular, ao redor da enfermaria, para acompanhamento em tempo integral. Oito deles são de terapia intensiva.
Capacitação profissional – Nos últimos dez anos, o Boldrini contribuiu com capacitação de 332 profissionais, em atividades de estágio, residência médica, mestrado, doutorado, pós-doutorado e aprimoramento profissional, nas áreas de hematologia e oncologia pediátrica.
O hospital recebe, adicionalmente, pós graduandos das áreas de enfermagem, psicologia, serviço social, nutrição, biologia, biomedicina e física, para aprimoramento nas áreas de atuação do Boldrini.
Há cerca de sete anos, o Boldrini criou o PEOp (Programa de Ensino de Oncologia Pediátrica), voltado para alunos das áreas de saúde, com duração de seis semanas, em regime de tempo integral, realizado exclusivamente o período de férias.
A finalidade deste estágio, é introduzir os alunos nas áreas de diagnóstico relacionadas ao câncer (imagem, imunologia, genética, epidemiologia, anatomia patológica, hematologia e Biologia Molecular). “O contato com estas áreas de diagnóstico lhes propicia o desenvolvimento do senso crítico, estimulando-os para a iniciação científica”, conta Dra. Silvia. Até o momento, 47 alunos participaram do Programa.
Pesquisa – Com as atividades do Instituto de Pesquisas Domingos Boldrini, o objetivo é aumentar a produção e disseminação de conhecimentos nas áreas de biologia molecular do câncer pediátrico, além de desenvolver novas metodologias.
Recursos – O Boldrini atende 70% dos pacientes via SUS e 30% por meio de convênios. Os atendimentos do SUS geram 20% da receita; os convênios, 30%; os 50% restantes são oriundos de doações de pessoas físicas ou jurídicas.
Futuro – O crescimento do Boldrini ao longo dos últimos 40 anos aconteceu de maneira natural, e é assim que a Dra. Silvia vê o futuro da instituição. Um desenvolvimento firmado com técnica e paixão. “O caminho se faz ao caminhar. Apesar da escassez de recursos para pesquisa no Brasil, consonante com as dificuldades econômicas, sociais e políticas do momento pelo qual passa o país, sempre conseguimos avançar. Não podemos parar! Desejo que o Boldrini continue sendo a instituição que privilegia a criança e o adolescente, proporcionando-lhes acolhimento humanizado, integral, capaz de proporcionar desenvolvimento físico, mental e social, com qualidade de vida. Nossos pequenos doentes merecem atenção e carinho”.