Grupo Midia entrevista presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia para falar do Dia Mundial das Doenças Tropicais Negligenciadas
O presidente do Grupo Mídia, Edmilson Jr. Caparelli, e o dermatologista Claudio Salgado, presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH), realizaram no dia 19 de janeiro, uma live educativa em apoio à campanha “Janeiro Roxo: #TodosContraaHanseníase”, organizada pela SBH no Brasil. A ação é parte da campanha para o Dia Mundial das Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs), celebrado em 30 de janeiro, em todo o mundo, e que reuniu diferentes organizações de vários países para alertar sobre essas doenças – o Grupo Midia foi um dos parceiros da ação mundial neste ano.
As DTNs (doenças tropicais negligenciadas) são um grupo de doenças transmissíveis que ocorrem em regiões tropicais e subtropicais – afetam mais de 1,7 bilhão de pessoas em todo o mundo. O Brasil é um dos países em que as DTNs ocorrem em número significativo e preocupante. A hanseníase é uma dessas doenças.
O Brasil ocupa o segundo lugar na relação de países com maior número de casos de hanseníase no mundo, atrás apenas da Índia. Por ano, são cerca de 30 mil novos casos, mas a SBH estima que este número seja de três a cinco vezes maior.
De acordo com o dermatologista, a hanseníase, conhecida antigamente como lepra, é provocada por um bacilo que afeta os nervos periféricos. A pessoa com hanseníase pode ter manchas avermelhadas ou esbranquiçadas na pele com alteração de sensibilidade; ou seja, apresentam dormência. “A pessoa pode se machucar e não sentir, tem alteração de força. Por isso, o diagnóstico e tratamento da hanseníase precisam ser feitos precocemente para evitar ou minimizar o surgimento de incapacidades físicas”.
A live abordou ainda o estigma e preconceito que os pacientes enfrentam. O problema é tão grave que a SBH entregou à Relatora Especial das Nações Unidas para a Eliminação da Discriminação Contra as Pessoas Afetadas pela Hanseníase um documento com quase 50 páginas listando todos os tipos de preconceito ocorridos no país. Para Salgado, o preconceito contra os pacientes de hanseníase no Brasil é um contrassenso, pois a hanseníase tem cura. “O preconceito chega a situações bem medievais como afastar a pessoa do convívio em casa […], mas há também outras situações como editais para contratação de pessoal para o serviço público que determinam apresentação de atestado médico comprovando que o pretendente ao cargo não tem hanseníase”, contou.
O tratamento da doença é gratuito em todo o país. A medicação, ou PQT (poliquimioterapia) é doada pela OMS e as cartelas de PQT deveriam estar disponíveis em todas as unidades de saúde do país. “A Fundação Novartis fabrica esse medicamento na Índia e distribui para o mundo todo, mas nós estamos passando por uma crise na produção deste medicamento e, portanto, os pacientes brasileiros e os pacientes de outras partes do mundo estão, neste momento, muitos deles, sem medicamento”, alertou Salgado.
Em tratamento, o paciente deixa de transmitir a hanseníase. A interrupção do tratamento agrava o estado de saúde e a pessoa pode ter agravamento ou surgimento de sequelas. Essa doença, assim como algumas outras negligenciadas, atinge principalmente bolsões de pobreza por causa das condições socioeconômicas dessas populações, porém, a hanseníase não escolha idade, sexo ou região e qualquer cidadão de qualquer localidade brasileira pode contrair a doença.
Pela seriedade do tema, o Grupo Mídia, neste ano, tornou-se parceiro da Sociedade Brasileira de Hansenologia para divulgar a campanha nacional Todos Contra a Hanseníase e também foi parceiro do World Neglected Tropical Diseases Day (Dia Mundial das Doenças Tropicais Negligenciadas), uma ação mundial de alerta sobre o tema. O Dia Mundial foi lançado em 2019 pelo Tribunal do Príncipe Herdeiro de Abu Dhabi no Fórum Reaching the Last Mile, realizado na Inglaterra, e é financiado pela Corte do Príncipe Herdeiro. O primeiro ano foi em 2020.
Nas redes sociais do Grupo você pode rever esta live, assim como no Facebook da Revista Healthcare Management.