As relações entre Brasil e Alemanha na área de saúde irão se estreitar. Os ministros da Saúde dos dois países se reuniram, nesta quinta-feira (20), em Brasília, para definir nova agenda de prioridades conjuntas e fortalecer relação entre os dois países em diversas áreas da saúde. Temas como biotecnologia, regulação, sistema de ouvidoria, órteses e próteses, estiveram na pauta do encontro. Durante a reunião, os ministros assinaram carta de intenções que formaliza os compromissos pactuados e define uma ampla agenda de ação conjunta em temas priorizados pelos dois governos. A reunião faz parte da visita da chanceler alemã, Angela Merkel, e da delegação do país ao Brasil.
“Nós queremos aprimorar os processos de vigilância sanitária e dar continuidade a parcerias de desenvolvimento produtivo já em curso de fitoterápicos. Aprofundaremos debates sobre a inclusão de novas tecnologias. Enfim, um conjunto de iniciativas capazes de extrair o que cada país tem de melhor e, a partir dessa cooperação, cuidar melhor de nossos sistemas de saúde” explicou o ministro da Saúde, Arthur Chioro.
A reunião deu prioridade para a discussão do setor de biotecnologia. Foi discutida a possibilidade de desenvolvimento de pesquisas e de projetos de P&D (pesquisa e desenvolvimento) com instituições e empresas alemãs nas áreas de biossistemas, engenharia de bioprocessos e biofármacos.
Um dos destaques do encontro foi serviço de ouvidoria e assistência 24 horas. A expectativa é uma cooperação para conhecer a tecnologia do número de telefone alemão 115, que centraliza toda e qualquer informação governamental a serviço dos cidadãos. A tecnologia por trás do serviço é do interesse do Brasil para otimização do planejamento do multi-canal do SUS, com foco em armazenamento de informações (banco de dados de uso direto dos atendentes) e estudo da tecnologia empregada em um canal único de alcance nacional.
Outra área importante priorizada foi a cooperação tecnológica na área de órteses e próteses. A ideia é estabelecer cooperações em biomateriais, produção industrial e desenvolvimento tecnológico brasileiro neste campo, além de focar em regulação de preços, custo-efetividade e capacidade de absorção. No Brasil, o mercado nacional de produtos médicos movimentou R$ 19,7 bilhões em 2014, sendo 20% de dispositivos médicos implantáveis (R$ 4 bilhões). Há um número crescente de novos produtos no país – são lançados 14 mil itens por ano (nos EUA, é oito mil) – e o setor deve crescer 15% ao ano nos próximos cinco anos nos países emergentes, acima da média de outros segmentos da economia.
“Recebemos de braços abertos a cooperação com o Brasil. Os dois países, Brasil e Alemanha, já mantém parceria há muito tempo, o que beneficia os nossos povos e contribui para o desenvolvendo dos nossos sistemas de saúde, com sustentabilidade econômica. Estou convicto de que nossa parceria ganhou novo impulso” destacou o ministro da saúde da Alemanha, Hermann Gröhe.
Também foram abordados outros assuntos prioritários para o Brasil – como controle de qualidade e eficiência do sistema de saúde, com foco em monitoramento, transparência, efetividade e otimização dos serviços de saúde – além do fortalecimento da gestão e políticas de saúde para o envelhecimento e nutrição.
PANORAMA BRASIL-ALEMANHA – A Alemanha é o quarto maior parceiro comercial do Brasil, após a China, os EUA e a Argentina. Em um período de pouco mais de 10 anos, o comércio entre os dois países passou de US$ 7,43 bilhões, em 2003, para US$ 20,47 bilhões, em 2014, elevação de 175%.
A visita da presidenta Dilma Rousseff à Alemanha, em março de 2012, deu novos moldes à parceria estratégica já existente, estabelecida em 2002. O encontro foi marcado pela participação brasileira no Centro de Automação, Tecnologia da Informação e Telecomunicações (CeBIT), que teve o Brasil como país-tema, e demonstrou o interesse brasileiro em dirigir o foco prioritário da cooperação bilateral a temas como inovação, educação e pequenas e médias empresas (PMEs).
Em janeiro de 2013, em encontro que mantiveram paralelamente à cúpula CELAC-EU (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos e União Europeia), a presidenta Dilma e a chanceler alemã Angela Merkel concordaram em estabelecer mecanismo de consultas de alto nível, nos moldes dos que a Alemanha mantém apenas com poucos países (China, Espanha, França, Índia, Israel, Itália, Polônia e Rússia). Além de permitir avaliação e promoção da cooperação em áreas como o comércio, investimentos, infraestrutura, ciência e tecnologia, educação, energia, defesa e meio ambiente, o mecanismo ainda deverá contribuir para aprofundar a concentração de ideias no campo político.
O Brasil reconhece na Alemanha parceiro central para garantir novo salto de competitividade, ancorado na capacitação tecnológica e na inovação. A economia alemã é a maior da Europa e a quarta maior do mundo, depois de EUA, China e Japão. O país conta com força de trabalho altamente qualificada, o que lhe permite especializar-se na produção de bens de alta e média tecnologia (sobretudo máquinas, equipamentos, produtos químicos, farmacêuticos e automóveis), respondendo a indústria por cerca de 30% do PIB alemão.