A administração do sistema de saúde é um tema extremamente crítico em qualquer lugar do mundo e no Brasil não poderia ser diferente. Nos Estados Unidos, 20% do PIB é investido em saúde (aproximadamente US$ 3 trilhões), no Brasil este valor é quase metade, 13,5% do PIB. E este orçamento ainda é alvo de constante tentativas de redução por parte do governo, enquanto os gastos no setor crescem ao redor do mundo,
Além da falta de investimento, a experiência de utilizar hospitais tanto públicos quanto particulares é deprimente, sem falar na qualidade dos diagnósticos que dispensa comentários. Esta ineficiência abriu portas para a entrada do Blockchain, uma tecnologia tão disruptiva que seu impacto pode superar o da internet.
O Blockchain irá ajudar o sistema de saúde a reduzir o atraso tecnológico em relação a outras indústrias através de uma melhor conexão, transparência e qualidade de informações sobre pacientes disponíveis para os profissionais da saúde. A disponibilidade de informações pessoais é algo muito delicado, por um lado temos os profissionais da saúde como médicos e enfermeiros que trabalham em unidades de emergência e precisam das informações disponíveis imediatamente para salvarem vidas, do outro existem os pacientes que exigem que suas informações tenham privacidade e segurança.
Como funciona:
Toda vez que o paciente vai ao médico e realiza uma consulta as informações desta consulta são armazenadas no Blockchain. Vou utilizar um exemplo bem simples para ilustrar a o funcionamento da tecnologia.
Ao ir a um hospital você passa primeiro por uma triagem. Nela, o enfermeiro mede sua temperatura e pressão, descobre que está com 39 graus de febre e pressão normal. A enfermeira então digita estas informações no computador (primeiro armazenamento no Blockchain) e lhe encaminha uma senha para que você aguarde o médico. Passados alguns minutos (espero que não muitos) o médico lhe atende e faz um diagnóstico que indica que você tem sinusite, escreve estas informações no computador e já faz a receita para a compra de antibióticos no mesmo sistema (segundo armazenamento no Blockchain), imprime e você vai até a farmácia onde compra os antibióticos (terceiro armazenamento no Blockchain).
As mudanças são quase imperceptíveis para o paciente, porém as informações registradas pela enfermeira, pelo médico e pela farmácia onde você comprou os remédios foram registradas no Blockchain, ou seja, em milhares de computadores espalhados pelo mundo inteiro.
Desta forma se você ficar doente ou sofrer um acidente em algum qualquer lugar do mundo, o hospital que lhe atender terá acesso ao seu histórico médico e a todas informações relevantes para o tratamento, sabendo quais antibióticos você usou, quais medicamentos você tem rejeição, se fez alguma cirurgia, cópias de seus exames, tipo sanguíneo, peso, histórico de tratamentos crônicos, dentre outras informações. Tudo isso sem a possibilidade de erros.
Isso ajuda muito a evitar desconexões entre médicos e aumenta a qualidade do tratamento do paciente pois o médico tem acesso a todas as informações relevantes para realizar o diagnóstico. Além disso vocênão precisa se preocupar em armazenar seu histórico hospitalar nem os medicamentos que tomou, pois o Blockchain fará isso para você
Como isto vai auxiliar o avanço nas pesquisas médicas:
Uma das grandes dificuldades para o avanço da medicina é o acesso a informações confiáveis de pacientes. Atualmente muito dinheiro é gasto na formação de grupos de pesquisa médica para entender doenças e então realizar pesquisas para tratar e curar estas doenças.
Com tanta informação disponível na cadeia de blocos, será possível entender diferentes perfis de pacientes, bem como o comportamento de doenças em cada um destes pacientes, o que auxiliará no desenvolvimento da cura e de tratamentos mais assertivos.
Por fim os hospitais também podem se beneficiar do Blockchain para melhorar sua administração, pois terão como rastrear o que aconteceu com o paciente durante todo seu período no hospital e fazer uso desta informação para tornar o sistema de saúde em sua unidade mais eficiente.
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Luiz Neto é líder do Corporate Innovation no Vale do Silício, pós-graduado em Finanças pela UC Berkeley
Fonte: StartSe