Existem muitas coisas que podem afetar nossa qualidade de vida, Desde as mais simples, como acidentes aéreos ou até armas nucleares ou terrorismo. Porém, a diferença é que elas não causarão sofrimento nas mesmas proporções que uma doença, uma vez que, no inicio da vida, quase todas já foram eliminadas, ao menos em países desenvolvidos que hoje possuem excelentes índices de mortalidade infantil ao contrário de países mais pobres.
De acordo com o gerontologista e PhD em biologia, Aubrey de Grey, que apresentou suas ideias durante a Campus Party Brasil 2017, no inicio de fevereiro, o atual sistema de saúde está baseado no tratamento e eliminação de patologias que surgem justamente ao longo de nossas vidas e talvez esse não seja o melhor modelo a seguir. “As doenças ligadas ao envelhecimento talvez não sejam doenças, e sim as causas de uma idade avançada. Talvez as pessoas queiram colocar esses problemas sob essa perspectiva. Eu não acredito nisso, acredito que sejam doenças e que podem ser concertadas com o uso da medicina.”
De Grey defende um metodologia que ainda divide a comunidade científica, onde executar uma manutenção adequada em nossos corpos seja a melhor maneira de aumentar a longevidade. O exemplo utilizado pelo especialista foi a manutenção realizada em carros, que feita adequadamente e ao longo do tempo pode fazer a máquina durar muito mais do que o previsto, como vemos hoje em comunidade de colecionadores, que possuem veículos quase que centenários.
“Não é fácil envelhecer. Envelhecimento é o acumulo de uma vida toda de danos em nosso corpo. Isso significa que os efeitos colaterais do uso da ‘máquina corpo humano’ são esses danos que diminuem a perspectiva de vida”, acrescenta.
Ainda de acordo com o PhD, nosso corpo está configurado para suportar uma determinada quantidade de danos acumulados ao longo da vida, no envelhecimento isso é menor. E nosso corpo não comporta mais tanto danos. “Esse acumulo acaba se convertendo em patologias. Meu objetivo é atrasar o envelhecimento para poder prolongar tratamentos e atrasar patologias.”
Uma nova perspectiva surge
A tese de Aubrey De Grey defende que o problema do sistema de saúde está exatamente em curar as doenças do envelhecimento da mesma forma que doenças em pacientes mais jovens. Essa medicina precisa ser mais específica e acertiva para tratar doenças como Alzheimer, por exemplo.
“A medicina tradicional não funciona e é preciso intervir mais no estágio inicial da vida das pessoas e prevenir as doenças. É nesse ponto que entra a gerontologia, para reduzir o total de danos acumulados e aumentar a longevidade das pessoas.”
Um exemplo dos danos acumulados que podem se tornar doenças é a perda de células em nosso organismo, como os neurônios, que não são repostos. A boa notícia é que já existem terapias que contemplem isso, como a terapia de células tronco, que podem se transformar em células que o corpo não repôs por algum motivo, evitando doenças como o Alzheimer.