Em 2016, a bioeletricidade passou a ser a segunda fonte de geração mais importante na Oferta Interna de Energia Elétrica (OIEE) no país, superando o gás natural, algo que não ocorria desde 2011. A informação é do Boletim Mensal de Energia (mês de referência – dezembro/2016) divulgado recentemente pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
Segundo a publicação, em 2016, a fonte biomassa gerou 54,1 TWh, incluindo a autoprodução, representando 8,8% de toda a OIEE, enquanto o gás natural representou 8,1% no mesmo período. Já em comparação a 2015, a bioeletricidade aumentou sua produção em quase 10%. Esta geração inclui os diferentes combustíveis, sendo os principais aqueles derivados da biomassa da cana, resíduos florestais e do licor negro presente na indústria de papel e celulose.
Em relação à oferta líquida para o Sistema Interligado Nacional (SIN), em 2016, segundo estudo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), com base em dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), a bioeletricidade obtida da biomassa gerou quase 24 mil GWh, um crescimento de 6% em relação à oferta em 2015. A biomassa da cana significou 89% da geração total pela bioeletricidade ao SIN em 2016.
Para Zilmar Souza, gerente em Bioeletricidade da UNICA, este desempenho e representatividade da biomassa são estratégicos. “Considerando o crescimento esperado para fontes intermitentes como eólica e solar, a geração de energia pela biomassa é importante para a complexa gestão do SIN. Pela sua produção ser muito mais previsível ao longo do ano, a biomassa não é considerada intermitente, com o benefício de ser uma geração concentrada no chamado período seco e crítico do sistema elétrico, além de ser renovável e evitar emissões como suas coirmãs eólica e solar”, comenta Souza.
Um interessante e recente artigo publicado no site da Revista The Economist (link), sob o título “Wind and solar power are disrupting electricity systems”, discutiu justamente os desafios na gestão dos sistemas elétricos e a necessidade de se criar mecanismos de mercado e políticas setoriais que permitam fazermos a transição para uma matriz de geração de energia de baixo carbono.
De acordo com o texto, para manter o fluxo regular de energia, o sistema ainda dependerá da geração pelas usinas térmicas convencionais, com elevados níveis de emissões de carbono. O maior desafio será redesenhar os mercados e seus preços de energia para refletir as necessidades de demanda e oferta flexíveis, com uma inserção maior das fontes solar e eólica.
“Neste aspecto, novas tecnologias que virão devem mitigar a intermitência dessas fontes e permitirão continuar sua expansão na matriz elétrica, mas é importante resgatar o papel estratégico da fonte biomassa no planejamento energético. Pela qualidade de sua geração e atributos, a bioeletricidade poderá contribuir muito mais ainda do que já tem contribuído para a segurança do suprimento energético e gestão do SIN, assim como fez em 2016”, avalia Souza.
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