Instituição é a primeira do Brasil a empregar tecnologia utilizada durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro
O Banco de Sangue do Hospital Sírio-Libanês concluiu a fase de testes e se tornou a primeira instituição brasileira a utilizar o Sistema Sanguíneo INTERCEPT de forma rotineira, para o fornecimento de plaquetas com patógenos reduzidos.
A novidade permite ampliar a utilização de plaquetas, mesmo com a identificação de patógenos como Zika, dengue, febre amarela e chikungunya, auxiliando na manutenção dos estoques do hemoderivado e sem comprometer a segurança dos pacientes. Isso é possível porque o Sistema inativa o DNA e o RNA das células, bloqueando o processo de replicação e impedindo que vírus, bactérias e parasitas sejam capazes de provocar doenças.
“Esse combate não serve apenas para agentes conhecidos e tradicionais, como Zika, febre amarela e dengue, ou em casos de janela imunológica do HIV e hepatites. Trata-se de uma proteção completa, capaz de prevenir contra agentes que ainda são desconhecidos ou que sequer estejam no foco naquele momento. O sistema utilizado já era seguro, mas mirava o presente, com a proteção dos vírus conhecidos. A partir desta nova tecnologia, será possível se preparar para o novo, em relação a agentes ainda desconhecidos”, explica Silvano Wendel, diretor do Banco de Sangue do Hospital Sírio-Libanês.
Pioneirismo
Antes de ser colocado em uso, o INTERCEPT passou por uma fase de testes, validação e qualificação específica por aproximadamente dois meses e meio. Durante o período, um grupo de dez profissionais, formado por médicos, farmacêuticos, biomédicos e equipe de enfermagem, foi treinado para a aplicação da tecnologia.
“O Hospital Sírio-Libanês é pioneiro em fazer uso desse sistema de forma rotineira, sequencial. Esse sistema já foi utilizado para os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, em 2016, mas aquela foi uma ação pontual, por exigência do Comitê Olímpico, que não teve continuidade após o fim das competições”, explica Silvano.
Histórico
Fundado em 1983, o Banco de Sangue do Hospital Sírio-Libanês é pioneiro no controle da qualidade do sangue transfundido aos pacientes, bem como na introdução dos testes sorológicos para os vírus da Aids, hepatites e outras doenças infecciosas. A incorporação de novos testes continuou sendo implementada no decorrer dos anos para garantir maior segurança do estoque de hemocomponentes.
O teste de Biologia Molecular (PCR), que diminui o intervalo de tempo entre a infecção e a produção de anticorpos contra o vírus no sangue (janela imunológica) começou a ser realizado na unidade em 1998 para hepatite C; em 2000, para HIV; e, em 2009, para hepatite B. A investigação de contaminação bacteriana dos hemocomponentes é realizada desde 1997. A pesquisa de anticorpos antiplaquetários foi introduzida posteriormente.